Artes/cultura
10/09/2020 às 11:00•3 min de leitura
A nova nota de R$ 200 já chegou causando polêmica: começando pelo mascote, que muitas pessoas preferiam que fosse outro, até a ilustração estranha do lobo-guará e outros problemas no design da cédula. Além disso, muita gente questionou o porquê da existência de uma nota com esse alto valor: teve quem comentou sobre uma possível volta da temida inflação e muitos dizendo que a cédula de R$ 200 vai servir mesmo para desviar dinheiro sem fazer tanto volume.
Entre todas essas polêmicas, o fato é que um valor nominal de 200 unidades de moeda é troco de pão perto das cédulas mais altas do mundo.
Aqui mesmo no Brasil, durante a época de hiperinflação, nos anos 80 e 90, era comum ter notas de milhares de cruzeiros ou cruzados — o país trocou de moeda várias vezes em poucos anos, já que o dinheiro não parava de desvalorizar. Em 1993, pouco tempo antes da criação do Plano Real, que tirou o país desse ciclo, circulou uma nota de 500 mil cruzeiros. Bastava ter duas dela no bolso para ser, tecnicamente, um milionário...
Com duas dessas, a pessoa já era milionária! (Fonte: UOL/Reprodução)
Essa história de criar notas cada vez maiores e trocar de moeda em pouco tempo lembra o nosso vizinho, Venezuela, que também está passando por uma crise de hiperinflação há algum tempo. Qualquer produto lá custa milhões de bolívares e, na prática, a moeda local já não vale quase nada.
Porém, diferente do que muitos podem acreditar, esse não foi o pior caso de inflação da história — o Brasil, então, nem chegou perto. Alguns países já tiveram que imprimir cédulas de 100 trilhões de sua moeda e que, mesmo assim, valiam pouca coisa.
100 trilhões de dinheiros que só serviam de adubo (Fonte: Wikimedia Commons)
Um dos casos mais emblemáticos desse fenômeno é o do Zimbábue: a economia do país entrou numa crise sem fim, depois de algumas cabeçadas do governo autoritário de Robert Mugabe. Com uma inflação incontrolável, o país criou a nota de 100 trilhões de dólares zimbabuanos, em 2008.
Mas, em casos como esse, criar notas com valor nominal maior de nada adianta: vendedores diziam que a nota servia apenas como adubo, segundo conta a rede britânica BBC. Há alguns anos, os zimbabuanos desistiram da própria moeda e passaram a usar o dólar americano ou o rand sul-africano em suas transações.
Outro país também precisou criar notas de 100 trilhões: a Alemanha passou por uma das piores crises econômicas da história, após a Primeira Guerra Mundial. No início dos anos 20, precisou criar notas cada vez maiores do marco, moeda da época, chegando a esse valor absurdo de 100 trilhões em uma única nota.
Mas nada supera o que aconteceu na Hungria depois da Segunda Guerra Mundial. Com uma inflação de 150.000% ao dia (sim!), o pengo não dava mais conta e o governo criou o mil-pengo, que valia um milhão de unidades da moeda antiga. Depois fez o b-pengo, que valia um bilhão de pengos... até chegar à nota de 100 milhões de b-pengo. Sim, 100 milhões de bilhões ou 100 quintilhões de pengo, que valiam pouca coisa.
A nota de 100 milhões de b-pengo (ou 100 quintilhões de pengo) é considerada a maior nota da história (Fonte: Wikimedia Commons)
Essa loucura durou entre 1945 e 1946, quando o pengo foi trocado pelo florim, moeda que o país usa até hoje. Para você ter uma ideia, um florim valia 400 octilhões de pengo (sim, 4×1029, um 4 com 29 zeros atrás), na época da troca.
Para terminar esse post, também vamos falar sobre algumas notas que realmente valem bastante dinheiro. Uma delas é a cédula de 500 euros. Ela deixou de ser emitida em 2016 porque era pouco usada no dia a dia, mas atraía muitos criminosos, que podiam movimentar quantias enormes sem encher uma maleta sequer. Na Europa, há ainda a nota de mil francos suíços, que vale cerca de seis mil reais (ou 10 auxílios emergenciais) em 2020.
Se você achar uma dessas, está rico: 10 mil dólares singapurenses valem cerca de R$ 40 mil. (Fonte: InfoMoney/Reprodução)
Contudo, os países asiáticos de Brunei e Singapura ganham dos europeus: eles têm notas de 10 mil de seus dólares. Essas moedas não valem muito menos do que o dólar americano: uma notinha só de 10 mil dólares do Brunei ou de Singapura vale em torno de 40 mil reais. Como essas cédulas tão altas facilitam a vida dos criminosos, Singapura já deixou de emitir papéis de 10 mil dólares. Mas bem que um singapurense podia esquecer uma dessa por aqui, pra gente, né?