Ciência
01/10/2020 às 09:00•2 min de leitura
A relação das pessoas com as drogas não é de hoje. Registros de civilizações antigas demonstram que há séculos elas estão presentes na vida humana, seja para recreação (a curto prazo, elas podem proporcionar sensação de bem-estar físico e psíquico) ou para fins medicinais. O ópio é um dos exemplos mais cabais: na China, usava-se ópio para cólicas menstruais e até mesmo para acalmar crianças choronas.
A novidade é que agora também conhecemos as drogas que os ameríndios usavam muito antes de os europeus chegarem por aqui. Quer saber mais sobre isso? Então fique de olho no que a pesquisa revelou.
A pesquisa ocorreu por um método chamado metabolômico, que permite identificar e quantificar o conjunto de pequenas moléculas chamadas de metabólitos, que são produzidos e/ou modificados por um organismo e, portanto, permitem identificá-lo.
O objetivo da pesquisa foi identificar formas de tabaco e outras ervas presentes em artefatos antigos (cachimbos e outros meios de consumo) de diferentes períodos, como dos séculos IV e V. Além disso, foi possível verificar um período mais recente — estima-se que alguns dos fragmentos sejam do século XVIII.
Assim, além de listar o que os indígenas consumiam, foi possível criar uma temporalidade e comparar com o uso após a chegada dos europeus, que trouxeram consigo outras drogas e outras formas de acessá-las. Os pesquisadores sugerem, por exemplo, pelo tipo de droga encontrada nos artefatos, que no período pós-invasão europeia as ervas fumadas vinham da América do Sul.
Além de demonstrar que os indígenas comercializavam tabaco com os europeus, o estudo chama a atenção pela inovação tecnológica. O método de análise metabolômico tende a abrir um novo campo de descobertas.
Esse é mais um exemplo de como esse tipo de pesquisa pode contribuir para o desenvolvimento da antropologia, que passa a contar com técnicas cada vez mais refinadas para a análise de culturas antigas.