Edifício Andraus: a maior tragédia antes do incêndio no Joelma

13/04/2021 às 08:002 min de leitura

Em 24 de fevereiro de 1972, dois anos antes de a região central da cidade de São Paulo testemunhar o horror que foi o incêndio no Edifício Joelma, repercutiu em todos os jornais do Brasil a imagem do enorme Edifício Andraus ardendo em chamas entre a Avenida São João e a rua Pedro Américo.

Com 115 metros de altura, 29 andares e construído em 1962, o Andraus era para ter sido chamado de "Edfício 50", pois era o quinquagésimo prédio a ser erguido pela construtora Organização Construtora e Incorporadora Andraus (Ocian). No entanto, eles decidiram abrir mão do nome para poder homenagear seu fundador.

O curto-circuito

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Às 16 horas daquele 24 de fevereiro, o incêndio começou a partir de um curto-circuito nos luminosos de propaganda das Casas Pirani (uma rede de lojas de eletrodomésticos) devido a uma sobrecarga elétrica que já vinha sendo informada pela companhia de luz de São Paulo – naquela época, o edifício reunia escritórios empresariais, entre eles os das Siemens, da Petrobras e da Henkel.

Em cerca de 15 minutos, o fogo dominou os 6 primeiros andares do Andraus e em duas horas o prédio inteiro já ardia em chamas que duraram por mais de 7 horas. Uma vez que não havia máscaras suficientes, os bombeiros usaram lenços úmidos para conseguir resgatar as vítimas do local. Mais de 500 pessoas foram para a cobertura do prédio para serem resgatadas por helicópteros, visto que a escada dos bombeiros não alcançava os andares mais altos.

(Fonte: PNO/Reprodução)(Fonte: PNO/Reprodução)

Toda a região ao em torno do Andraus ficou sem energia elétrica durante o incêndio, incluindo a sede do jornal da Rede Globo, que era localizada na Praça Marechal Deodoro, no Centro. Para que pudesse continuar operando, a redação foi transportada para a casa do então editor-regional Paulo Mário Mansur, no bairro da Consolação. “O Jornal Nacional foi escrito na casa do Paulo Mário. Levamos os rolinhos de filme e tivemos que revelar tudo e montar”, revelou Neusa Rocha, então editora do Jornal Nacional. “Foi muito complicado e tenso, pois não tínhamos fax nem celular”.

Naquele dia, 16 pessoas morreram carbonizadas no inferno que o Edifício Andraus se tornou, ou morreram após encontrarem o asfalto ao pular pelas janelas. Mais de 320 pessoas ficaram feridas.

(Fonte: Resgate Aeromédico/Reprodução)(Fonte: Resgate Aeromédico/Reprodução)

Após a tragédia, o Andraus foi reformado de baixo a cima, e ganhou parapeitos entre um andar e outro, portas corta-fogo, iluminação de emergência, escadas externas e brigada de incêndio particular treinada. O local se tornou um exemplo de segurança contra incêndios.

Quarenta e nove anos depois, o Edifício Andraus ainda sustenta o mesmo nome e abriga, em sua maioria, repartições públicas.

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