Como é passar uma noite em Chernobyl?

21/04/2021 às 07:002 min de leitura

Para turistas comuns, uma excursão rápida à cidade fantasma de Pripyat já parece algo arriscado o suficiente, com diversos pontos de controle militares protegendo a região e um toque de recolher noturno que impede que o passeio se prolongue além do período da tarde. 

Mas para os ávidos por emoção e verdadeiros amantes do turismo macabro, a uma alternativa que permite passar mais horas, ou até mesmo dias, explorando a região de Chernobyl: o Hotel Desyatka.

(Fonte: Messy Nessy Chic/Luke J Spencer/Reprodução)(Fonte: Messy Nessy Chic/Luke J Spencer/Reprodução)

Localizado na Zona de Exclusão, - uma área com cerca de 2,5 mil quilômetros quadrados ao redor da antiga usina nuclear - o hotel dá as boas-vindas aos seus hóspedes com um aviso sombrio, “lembre-se de que seu corpo está exposto a uma exposição adicional à radiação. Não toque em nada... Pois pode ser uma fonte de problemas para você, sua família e amigos. Até mesmo para estranhos”.

Com uma construção simples e um design que pode ser descrito como sendo de "estilo soviético", o lugar conta com algumas comodidades habituais como um café, bar e até mesmo wi-fi - caso você queria mandar mensagens para seus conhecidos de um dos cantos mais isolados do mundo.

(Fonte: Hotel Desyatka/Reprodução)(Fonte: Hotel Desyatka/Reprodução)

Porém, outra parte do panfleto de recepção já avisa: “não existe o conceito de hotel para turistas na Zona, então não se deve esperar o serviço e as instalações usuais de tais acomodações. No entanto, existem boas condições para relaxar após um dia de exploração ativa”.

Depois de fazer o check-in em Desyatka, é possível sair para explorar o centro da cidade, mas sempre seguindo as recomendações oferecidas pelo hotel, como usar roupas com o mínimo de costuras e zíperes, escolher calçados que você não se importaria em jogar fora em caso de contaminação e carregar lenços umedecidos para limpar a poeira radioativa que pode cair acidentalmente.

(Fonte: Messy Nessy Chic/Luke J Spencer/Reprodução)(Fonte: Messy Nessy Chic/Luke J Spencer/Reprodução)

Enquanto em Pripyat a chance de se deparar com vários grupos turísticos é grande, Chernobyl oferece a chance de um passeio mais isolado, com casas, parques, biblioteca, escolas e parquinhos infantis abandonados e em decadência passando a sensação de estar preso em um mundo pós-apocalíptico.

Curiosamente, ainda há vida a ser encontrada ali, como trabalhadores empregados na construção do sarcófago para cobrir o antigo reator que explodiu em 1986, cientistas conduzindo experimentos, alguns residentes idosos que se recusaram a abandonar seus lares e os próprios funcionários do hotel - o único local aberto durante o período da noite para quem busca uma refeição ou uma bebida.

(Fonte: Hotel Desyatka/Reprodução)(Fonte: Hotel Desyatka/Reprodução)

“Vamos ajudá-lo a relaxar após uma longa excursão. Faça uma pausa depois do trabalho. Relaxe com os amigos com um copo de cerveja”, promete o hotel, que também afirma ser uma boa opção para comemorar aniversários.

Porém, vale lembrar que com o estrito toque de recolher da Zona de Exclusão, o bar fecha às 22h, mas é possível aproveitar o tempo após o jantar em Desyatka para circular mais um pouco pela cidade, aproveitando o silêncio perturbador ocasionalmente quebrado pelos uivos ocasionais de matilhas de cães selvagens na floresta e bipes eletrônicos crescentes vindos do acampamento científico, para compreender melhor as consequências que um desastre nuclear pode causar, mesmo depois de tantos anos.

(Fonte: Messy Nessy Chic/Luke J Spencer/Reprodução)(Fonte: Messy Nessy Chic/Luke J Spencer/Reprodução)


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