Ciência
25/07/2021 às 04:00•2 min de leitura
Antes da invasão das tropas nazistas de Adolf Hitler na Polônia, em 1939, a relação dos poloneses com o povo judeu já era muito tensa, o que só piorou com a quantidade de ódio disseminado por membros do parlamento e do clero, criando uma situação muito similar ao apartheid.
Havia cerca de 24 mil judeus morando na cidade de Kielce, na Polônia, o que equivalia a um terço da população, sendo que quase todos eles foram brutalmente exterminados durante o Holocausto ao serem transferidos para os campos de concentração.
No verão de 1946, apenas 200 sobreviventes retornaram para a cidade e se estabeleceram ao reclamarem algumas propriedades que não foram confiscadas pelos não judeus durante a ocupação alemã. Cerca de 150 judeus foram alojados em um edifício administrado pelo Comitê Judaico da Voivodia de Kielce, em Planty, uma pequena rua no centro da cidade.
(Fonte: RFI/Reprodução)
Quando um menino não judeu de 9 anos, chamado Henryk Blaszyk, deixou sua casa sem informar os pais, em 1º de julho de 1946, e voltou 2 dias depois, ele contou aos pais e à polícia que havia sido sequestrado e escondido no porão do prédio do Comitê Judaico local — uma mentira para não ser punido por não ter voltado para casa.
Quando a polícia local foi investigar o caso, eles descobriram que a história do menino não era real, já que nem havia porão no prédio, mas já era tarde demais. Motivados pelo sentimento antissemita e o ódio de anos por acreditar que a Polônia foi destruída pelos judeus e não pela loucura de Hitler, formou-se uma turba de milhares de pessoas que marcharam em direção ao prédio para se vingarem dos judeus.
(Fonte: Alchetron/Reprodução)
Eles invadiram o prédio e ordenaram que os judeus entregassem as armas. O massacre começou quando alguém deu um tiro em um dos residentes, matando-o instantaneamente. A milícia civil e a polícia abriram fogo contra os judeus, matando e ferindo várias pessoas, estabelecendo um caos no prédio. O chefe do Comitê Judaico, Dr. Seweryn Kahane, teve a vida ceifada por um oficial enquanto telefonava para o escritório de Segurança Pública de Kielce para pedir ajuda.
(Fonte: TVP Info/Reprodução)
Às 12h, a chacina foi transferida para o lado de fora do prédio quando um grupo de mil trabalhadores da usina siderúrgica de Ludwików, liderados por ativistas comunistas do Partido dos Trabalhadores Poloneses, deu início ao episódio que ficou conhecido como "Pogrom de Kielce", que significa "causar estragos, demolir violentamente" — termo que se refere aos ataques por populações locais não judias contra judeus no Império Russo.
Cerca de 20 judeus foram espancados até a morte pelos trabalhadores armados com barras de ferro e porretes. Entre os judeus mortos, 9 foram assassinados a tiros, mais 2 com baionetas e o restante espancado ou apedrejado. Entre mulheres e crianças, os civis também mataram a enfermeira judia Estera Proszowska, que tentava ajudar as vítimas.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
O Pogrom de Kielce acabou com a vida de 42 judeus e feriu outros 40, essa violência chocou o mundo no pós-guerra, convencendo a maioria dos judeus poloneses de que o país não era mais um lugar seguro para eles, causando a consequente fuga deles. Os judeus pensavam que o nazismo era a maior ameaça a suas vidas, mas perceberam naquele momento que o ódio e as falsas alegações (como as que os acusavam de usar o sangue de crianças cristãs para rituais) eram apenas o começo de tudo.