Artes/cultura
24/07/2021 às 13:00•2 min de leitura
Uma jogada singular realizada por ilhéus noruegueses propõe extinguir o tempo na ilha nortista Sommarøy, região que já se encontra há quase 70 dias sem ver o pôr do sol. Desse modo, essa iniciativa permite que as pessoas possam fazer o que quiser e em qualquer horário, sem se preocupar com horas específicas de almoço, descanso, secagem de roupas, trabalho e outras atividades padronizadas por horários regulares.
Desde 18 de maio de 2021, a ilha em West Tromsø, localizada ao norte do Círculo Ártico, sofre os impactos do icônico solstício de verão, período em que o Sol fica exposto 24 horas diárias por pouco mais de 2 meses corridos. Com isso, os 350 moradores de Sommarøy acabam esquecendo completamente do relógio e passam a agir livremente sem a influência dos ponteiros, fazendo com que fosse normal encontrar pessoas em todo tipo de serviço, mesmo na madrugada.
Os ilhéus, cujas principais fontes de renda são o turismo e a pesca, reuniram-se em um encontro na prefeitura para assinar uma petição que determinava a região como "zona livre", ou seja, que não funcionaria mais de acordo com as normas horárias. Esse encaminhamento foi realizado por Kjell Ove Hveding, que representou a cidade em uma discussão com um membro do parlamento norueguês, a fim de entregar as assinaturas e validar a proposta por trás da iniciativa.
(Fonte: Visit Tromso / Reprodução)
"Em todo o mundo, as pessoas são caracterizadas pelo estresse e pela depressão. Em muitos casos, isso pode estar ligado à sensação de estar preso pelo relógio. Seremos um fuso sem tempo onde todos possam viver suas vidas ao máximo", disse Hveding. "Nosso objetivo é proporcionar total flexibilidade, 24 horas por dia. Se você quiser cortar o gramado às 4 da manhã, então você pode fazê-lo."
Em nota, funcionários do turismo norueguês acusaram os habitantes de Sommarøy de golpe publicitário para atrair clientes no verão, aproveitando um despertar contínuo da população para manter os negócios turísticos abertos e atividades lucrativas por todas as horas do dia.
A medida vem sendo encarada com entusiasmo por alguns moradores, que já chegaram a abandonar seus relógios e a largá-los em uma ponte que liga a ilha ao continente. Porém, outros ilhéus ainda não veem a proposta com bons olhos e assumem um certo ceticismo motivado pelos desafios em se regrar aos horários de hóspedes e atendê-los segundo as novas normas.