Estilo de vida
23/08/2021 às 09:30•2 min de leitura
O termo "fofoca", já bastante conhecido no Brasil, tem participação recente no vocabulário brasileiro. O primeiro registro oficial data de 1975, segundo Aurélio Buarque de Holanda, criador do dicionário Aurélio.
No Brasil, antes do termo "fofoca", eram utilizadas outras expressões, como mexerico, futrica e fuxico, para referir-se ao ato de falar sobre a vida alheia. (Fonte: Pexels/Reprodução)
Se hoje o termo é visto como algo ruim, até o século XII, a palavra tinha conotação positiva. Gossip (fofoca) vem do antigo substantivo em inglês godsibb e abrangia a ideia de que você poderia contar qualquer coisa a um amigo próximo.
Na época medieval, o nascimento de uma criança era como um grande evento social. Essa era uma época em que godsibbs costumavam passar horas conversando com a mãe para fornecer apoio moral durante o parto.
A partir disso, os homens começaram a associar a fofoca às mulheres. Do século XVII em diante, o significado da palavra mudou, sendo atrelado a quem fazia conversa fiada e partilha de segredos. Mas como essa mudança ocorreu?
Inicialmente, a fofoca era uma forma de criar laços, um meio de comunicação, mas logo depois passou a ser algo pejorativo. Mas o que mudou? No final da Idade Média, as pessoas organizavam reuniões para conversar e, nelas, discutiam-se todos os assuntos, desde relacionamentos até questões políticas.
Com o tempo, as mulheres passaram a fazer muitas reuniões, e esses grupos começaram a se multiplicar, inclusive resolvendo problemas sociais e disputas. Nesse momento, os homens passaram a se preocupar, estereotipando as amizades femininas como cultos às bruxas. Afinal, as mulheres poderiam dar as costas às regras sociais e alterar a sociedade.
Estudos têm mostrado que homens e mulheres fofocam igualmente. Em média, uma pessoa gasta 52 minutos fofocando, independentemente do gênero. (Fonte: Pexels/Reprodução)
Assim, esses grupos passaram a ser alvo de ódio, e a fofoca se tornou algo ruim. Vale ressaltar que isso não significa que os homens não fofocavam, porém eles faziam isso de modo particular, especialmente quando se tratava de políticos e nobres. Até aquele momento as mulheres sempre se encontravam em público e não se preocupavam com olhares.
Portanto, os homens foram inserindo na sociedade que o ato de fofocar era banal, que só mulheres o faziam, pois não trabalhavam e ninguém as levava a sério. Já os homens poderiam fofocar, pois seus motivos, teoricamente, eram "importantes".