Ciência
24/08/2021 às 06:35•2 min de leitura
Uma das principais razões para querermos nos vacinar é poder voltar ao convívio social com menos preocupações: trabalhar fora, estudar presencialmente, ver as pessoas que gostamos… Enfim, sair na rua e não ter medo do contato com outras pessoas.
Seguindo essa linha de pensamento, um eremita que se isolou completamente do convívio da sociedade não teria esses motivos para querer se vacinar. Afinal, se ele não está em contato com ninguém — e isso não faz a menor falta para ele — por que ele se preocuparia em participar deste pacto coletivo que é a vacinação?
Panta Petrovic, um eremita sérvio de 70 anos, pensa diferente. Ele saiu da caverna onde vive, isolado de todo o mundo, há 15 anos para tomar sua dose de vacina.
(Fonte: AFP/Reprodução)
Até os anos 1990, Panta vivia na França e trabalhava como engenheiro mecânico, com uma vida confortável para os padrões modernos — mas que ele dizia ser “frenética”. Após 18 anos fora, decidiu voltar à sua terra natal, a Sérvia. Nessa época, sua vida se tornou mais difícil, por conta das guerras que ocorreram na região.
Há 15 anos, Panta decidiu largar tudo: doou todo seu dinheiro para a comunidade, construiu três pontes e foi viver em uma casa na árvore nos arredores da vila. Depois, ele se mudou para a caverna onde vive, no alto de uma montanha em Pirot, a 220 km de Belgrado, a capital.
O eremita conta: “Eu não era livre na cidade. Sempre há alguém no seu caminho. Você acaba discutindo com sua esposa, com seus vizinhos, com a polícia. Aqui, ninguém me incomoda”.
A única companhia de Panta são seus animais: cerca de 30 gatos e cachorros, algumas cabras e galinhas — além de Mara, uma javali de oito anos, que é sua favorita. O animal de 200 kg foi resgatado pelo eremita quando era um filhote e come frutas de suas mãos até hoje. Os bichos todos ficavam na caverna, mas depois de ataques de lobos, Panta os levou para uma cabana mais próxima da cidade, onde ficam mais seguros.
(Fonte: AFP/Reprodução)
Em seu isolamento, Panta demorou meses para descobrir que existia uma pandemia, causada por um vírus, assustando todo o mundo. Para ele, não mudou muita coisa, pois já vivia isolado.
Ainda assim, ele fez questão de se vacinar, assim que os imunizantes chegaram à sua vila. “O vírus não escolhe. Ele vai chegar aqui na minha caverna também”, disse Panta, em entrevista à AFP. Ele ainda se posicionou a favor das vacinas e disse não compreender quem diz que não quer tomá-las: “Eu quero tomar todas as três doses, incluindo a dose extra. Eu encorajo todo e qualquer cidadão a se vacinar.”
Se ele — que supostamente precisaria menos da vacina por viver sempre em isolamento — fez questão de tomá-la, quem vive nas cidades não tem desculpa, não é?