Esportes
25/08/2021 às 06:30•3 min de leitura
Esta terça-feira (24) marcou a inauguração oficial dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, evento que reúne os principais atletas do mundo que têm algum tipo de deficiência. Assim como nos jogos olímpicos, as paralimpíadas são uma competição de grande porte e que exigem um planejamento gigantesco por parte do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da cidade-sede.
Afinal, o que muda nas instalações para poder receber os atletas paralímpicos? Como é feito o planejamento de acessibilidade dos jogos? Assim como na "vida real", a inclusão é um tema de muito destaque também no meio esportivo e tem aberto espaço para muita discussão. Entenda.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A ascensão da pandemia de covid-19 causou uma série de problemas para o COI. Nesse meio tempo, tanto os jogos olímpicos quanto os paralímpicos tiveram que ser movidos de 2020 para 2021, causando um verdadeiro atraso no planejamento das equipes internacionais.
Além disso, as restrições causadas por conta das recomendações do isolamento social se mostraram um problema para alguns atletas — especialmente para aqueles com algum tipo de deficiência física. Um grande exemplo disso foi o caso de Becca Myers, atleta paralímpica de natação dos Estados Unidos.
Por conta dos limites impostos pelo Comitê Paralímpico dos EUA, todos os participantes teriam restrições quanto à quantidade de acompanhantes. Por isso, Meyers teve que protocolar um pedido para que sua mãe lhe acompanhasse como Assistente de Cuidados Pessoais (PSA). Posteriormente, o pedido foi negado.
A atleta norte-americana, que é surda e cega, já foi seis vezes medalhista e teve que ceder sua vaga por conta das limitações. Entretanto, as dificuldades com acessibilidade das paralimpíadas não são exclusividade de Tóquio.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O reagendamento dos jogos paralímpicos fez que Andrew Parsons, presidente do COI, chamasse a atenção de Tóquio para que a cidade japonesa não perdesse o foco em disponibilizar todos os recursos necessários para os atletas paralímpicos. Em sua fala, Parsons expressou preocupação com o fato dos hotéis não estarem completamente prontos para acomodarem os participantes do evento com acessibilidade.
A falta de acessibilidade é um problema antigo. Em 2020, por exemplo, o website dos Jogos Paralímpicos de Sydney não tinha a opção de texto alternativo para que usuários cegos pudessem obter mais informações. Mais recentemente, muitos atletas tiveram problemas para se direcionar dentro das infraestruturas da Vila Olímpica no Rio de Janeiro em 2016.
Essa é uma batalha comum na vida das pessoas com deficiência e tem sido foco central de discussão na disputa dos eventos esportivos. Por isso, Tóquio tem como objetivo final mudar a realidade das paralimpíadas e abrir espaço para mais discussões sobre como receber esses atletas com maior segurança e conforto.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Um ponto interessante sobre as Paralimpíadas de Tóquio é que essa é a primeira vez que esse evento será disputado nas mesmas arenas dos jogos olímpicos. Então, o que foi feito para que os atletas pudessem se locomover sem maiores problemas? Segundo o manual do COI, existe um grande planejamento por trás desse processo.
Primeiramente, foram construídas diversas faixas seguras de pedestres para que os atletas com deficiência pudessem se locomover entre as acomodações e centros de transporte — sendo as vias largas o suficiente para abrigar o mínimo de uma cadeira de rodas por vez em vias únicas e duas cadeiras de roda em vias duplas.
Além disso, o manual preza para que todos os trajetos estejam livres de obstáculos ou objetos que gerem o risco de tropeços e acidentes. Sendo assim, postes de luz, placas, caixas de jornais e recipientes de lixo seriam mantidos fora do caminho para facilitar a vida dos deficientes visuais.
Por fim, todas as áreas de transporte foram construídas para serem largas o suficiente com objetivo de abrigar os veículos de transporte de cadeiras de roda, que fazem o uso de rampas para levar e deixar os atletas nas arenas. As zonas de transporte de carga devem ser equipadas com pelo menos uma rampa de passeio.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O COI tem sido detalhista quanto ao seu plano de acessibilidade para os jogos paralímpicos. O manual feito pelo comitê ressalta a obrigatoriedade de instalação de corrimãos em todas as rampas com inclinação superior a 30 cm, sendo colocadas de ambos os lados para orientar os atletas.
Todas as escadas do evento devem ter a mesma altura e profundidade, além de uma superfície de aviso no topo do último degrau. Os móveis e balcões das instalações foram projetados com uma pequena inclinação para que indivíduos com dificuldades de se manter em pé por muito tempo não enfrentem dificuldades.
Portas, elevadores e banheiros foram projetados para facilitar a locomoção dos atletas e promover maior conforto às PCDs. Para fechar a lista, quartos e banheiros são adaptados para permitir o uso de equipamentos de elevação e mobilidade dos esportistas.