Ciência
06/09/2021 às 12:00•3 min de leitura
A partir de 21 de novembro de 1806, Napoleão Bonaparte deu início ao ápice de seu poder ao instaurar o Bloqueio Continental, visando afetar a economia inglesa, já que a França não havia conseguido invadir o Reino Unido.
Todos os países europeus que não obedecessem ao bloqueio seriam invadidos pelas tropas francesas, como foi o caso de Portugal no final do ano seguinte ao estabelecimento da medida. Já em 1812, quando a Rússia rompeu o bloqueio, Napoleão mobilizou um exército composto de aproximadamente 600 mil soldados e deu início à Campanha da Rússia, com o intuito de derrubá-la. No entanto, em um revés estrondoso, aquele foi o início do fim do estadista francês.
(Fonte: Brasil Escola/Reprodução)
Quando o exército de Napoleão mingou com os ataques surpresas das tropas russas, definhando em meio a doenças, ao frio mortal e à fome generalizada, o homem não viu outra saída senão abdicar ao trono da França. Isso ocorreu em abril de 1814, com a Guerra da Sexta Coligação contra seu poder.
Derrotado, Napoleão foi enviado para exílio na Ilha de Elba, próximo à costa da França, no Mar Mediterrâneo, onde ele não permaneceu por muito tempo. Em 26 de fevereiro do ano seguinte, aproveitando a brecha na ausência dos navios britânicos e franceses que faziam guarda ao redor da ilha, Napoleão escapou com a ajuda de seus homens e rumou em direção à costa francesa. O retorno triunfal dele em 20 de março de 1815 marcou o início do emblemático período do governo de 100 dias.
(Fonte: Toda Matéria/Reprodução)
Em 18 de junho do mesmo ano, o início da Batalha de Waterloo marcou o fim derradeiro e definitivo do controle de Napoleão Bonaparte, que fugiu do campo de batalha ainda à noite após seu exército ser derrotado novamente.
Ele retornou a Paris, mas ficou apenas alguns dias na posse de seu trono antes de abdicar novamente, em 24 de junho, e voltar para o exílio. Dessa vez, porém, na distante Ilha de Santa Helena, localizada no Atlântico sul, há mais de 2 mil quilômetros de qualquer pedaço de terra. Com reforço redobrado, era praticamente impossível qualquer tipo de resgate de suas potências fiéis, mas isso não significa que eles não tentaram.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Desde os 12 anos, Tom Johnson levava uma vida de crimes, tendo escapado mais de 2 vezes da prisão ao longo de sua carreira criminosa. Ele fez sua vida contrabandeando mercadorias para fora da Europa, o que violava várias proibições da Inglaterra e da França.
Em 1835, o livro Cenas e Histórias de um Clérigo em Dívida foi publicado relatando as experiências de seus autores na prisão. Foi nele que um autor desconhecido alegou ter encontrado Johnson, que declarou ter recebido uma oferta de 20 mil libras esterlinas para resgatar Napoleão Bonaparte usando um submarino.
Tom Johnson. (Fonte: Wikiwand/Reprodução)
Entre 1793 e 1797, durante a Primeira República Francesa, Napoleão pediu ao inventor Robert Fulton que criasse um submarino. Ele apresentou ao estadista uma embarcação com quase 7 metros de comprimento, feita de ferro e coberta com placas de cobre e leme para controle vertical, o que permitia a 4 passageiros ficarem submersos por até 6 horas. No entanto, o projeto não agradou o monarca, que cortou o patrocínio de Fulton em 1804.
Foi provavelmente nele que Johnson se inspirou para encomendar o próprio submarino. Apelidado de Eagle, ele teria 114 toneladas, 26 metros de comprimento e seria impulsionado por 2 motores a vapor, além disso seria acompanhado de um submarino menor, o Etna, com 12 metros de comprimento. Ambas as embarcações levariam 30 marinheiros e 20 torpedos, que estariam prontos para atirar caso houvesse a aproximação de qualquer navio inimigo.
(Fonte: The Smithsonian/Reprodução)
O livro não falava como o submarino deveria chegar à longínqua Santa Helena, tampouco se aguentaria a jornada embaixo da água, mas, quando chegasse, os homens deveriam baixar Napoleão por meio de uma cadeira dentro de uma redoma até o submarino menor antes de ser transferido para o Eagle.
O plano era tão insano que era impossível, não só pela logística ridícula, mas também pelo local ser fortemente protegido com centenas de guardas. Eles não seriam páreos para um poder de fogo tão grande.
Quando soube da trama mirabolante, Napoleão se recusou a participar. Assim, ele encontrou seu fim na ilha, em 5 de maio de 1821. Quanto a Johnson, ele deixou a prisão e recebeu uma pensão polpuda da Marinha Real, encerrando a vida de maneira confortável.