Ciência
03/09/2021 às 09:30•2 min de leitura
Arqueólogos do Dartmouth College, em New Hampshire (Estados Unidos), identificaram artefatos antigos associados à cerveja e datados de 9 mil anos atrás, durante expedições à cidade chinesa de Qiaotou. Segundo análises, os potes de cerâmica eram utilizados para armazenar uma bebida “ligeiramente fermentada e doce” que era consumida em rituais de homenagem aos mortos.
No topo de um monte de 3 metros de altura e cercados por uma vala de 1,5 metro a 2 metros de profundidade, dois esqueletos humanos foram encontrados pelos escavadores, além de 50 vasos intactos e algumas cerâmicas fragmentadas. A região, que aparentemente era um local funerário, abrigava potes de todos os tamanhos e formatos, com alguns deles contendo pinturas em tinta branca e inscrições com desenhos abstratos.
(Fonte: PLOS One/Reprodução)
Dos 50 vasos encontrados, 20 foram levados pelos pesquisadores, e após a análise estrutural do material e de resíduos de microfósseis, traços de amido, fitólito (estruturas microscópicas rígidas feitas de sílica e encontradas em alguns tecidos da planta), fungos, mofos e leveduras foram identificados, confirmando que a maioria dos recipientes armazenava cerveja e que a bebida não era consumida como recreação.
Através de amostras de controle colhidas do solo circundante, os pesquisadores também registraram a presença de arroz, grãos e tubérculos desconhecidos, que aparentemente foram utilizados para cozinhar a bebida por métodos de tentativa e erro, já que os povos antigos não tinham conhecimento sobre a bioquímica associada aos ingredientes mofados. Porém, como os líquidos foram fabricados há aproximadamente 9 mil anos, não foi possível afirmar exatamente de que forma as sociedades sulistas trabalhavam.
(Fonte: PLOS One/Reprodução)
“Através de uma análise de resíduos de vasos de Qiaotou, nossos resultados revelaram que os vasos de cerâmica foram usados para guardar cerveja, em seu sentido mais geral”, diz Jiajing Wang. “Essa cerveja antiga, porém, não teria sido como a India Pale Ale (IPA) que temos hoje. Em vez disso, era possivelmente uma bebida pouco fermentada e doce, provavelmente de cor turva.”
Todas essas conclusões apontam que o consumo de álcool era uma atividade presente em rituais de homenagem aos mortos e ocasiões especiais, pois o processamento do arroz consistia em um trabalho árduo na época, exigindo processos complexos e ferramentas especializadas. Assim, já que a área onde os esqueletos e as cerâmicas foram encontrados tinha a configuração de um antigo cemitério, tudo indica que as celebrações fúnebres eram regadas à cerveja.
“Os achados sugerem que o consumo de cerveja foi um elemento essencial nos rituais funerários pré-históricos no sul da China, contribuindo para o surgimento de sociedades agrícolas complexas quatro milênios depois”, concluíram os pesquisadores.