Artes/cultura
25/04/2022 às 04:00•3 min de leitura
Como nós reconhecemos uma pessoa que viveu há muito tempo? A resposta mais óbvia, claro, é falar do seu DNA. Mas a verdade é que o rosto é uma maneira muito precisa de identificar a aparência de alguém, mesmo que esta pessoa tenha morrido há séculos.
Quando se encontra um corpo não identificado, o crânio costuma ser um caminho viável para descobrir detalhes sobre os traços desta pessoa, mesmo que ela já esteja em estado de decomposição. Este é um trabalho feito pela polícia, mas há artistas forenses que levaram a recriação de rostos a outros patamares.
O trabalho destes escultores parte de um estudo do crânio, tirando a medida da profundidade do tecido para criar uma réplica do rosto. A reconstituição também envolve detalhes como o formato dos dentes, ossos quebrados, cor do cabelo e dos olhos.
A ideia da reconstrução forense é identificar uma pessoa e dar um rosto a alguém que, depois da morte, caiu no anonimato. Assim, esses indivíduos ganham a dignidade que lhes foi tirada, uma vez que muitas são pessoas que foram vítimas de crimes.
(Fonte: Tom Barnes/Channel 4)
O Homem de Cheddar é um fóssil humano masculino encontrado na Caverna de Gough em Cheddar Gorge, na Inglaterra. Descoberto em 1903, é considerado o mais antigo esqueleto humano completo da Grã-Bretanha.
Conservado e exposto no Museu de História Natural de Londres, ele teve, em 2018, a revelação da sua face. Uma equipe do museu coletou amostras do osso do ouvido interno e, por conta de seu DNA, revelou 76% de chance que ele tivesse olhos azuis e pele escura, mais comum em pessoas da África subsaariana, e não da Grã-Bretanha.
Depois disso, artistas forenses mediram e escanearam o crânio e reconstruíram seu rosto a partir dessas novas informações. A descoberta da face do Homem de Cheddar trouxe uma reviravolta em boa parte dos estudos arqueológicos, uma vez que se descobriu que, por conta da chegada de agricultores do Oriente Médio na Europa, houve uma mudança significativa no fenótipo dos habitantes locais.
(Fonte: Don Hurlbert/Smithsonian Institute/StudioEis)
A história de Jane de Jamestown é relevante porque evidencia um trecho da história dos colonos ingleses nos Estados Unidos. A colônia de Jamestown, na Virginia, foi iniciada em 1607 e enfrentou duras situações, como seca, fome e doenças.
Documentos mostram que a fome foi tanta que os membros do grupo foram obrigados a comer seus cavalos, seus cachorros e até as próprias botas de couro. Mas também existem evidências de que o grupo tenha praticado canibalismo para conseguir sobreviver.
Em 2012, arqueólogos acharam pedaços de um crânio humano ao lado de ossos de animais. Com o uso de uma tomografia computadorizada, descobriu-se que era um crânio feminino. A partir daí, com o uso de ferramentas 3D, seu rosto foi reconstruído e ela foi batizada de "Jane".
O que se sabe é que Jane tinha 14 anos, nasceu no sul da Inglaterra e tinha uma dieta rica em proteínas (o que seria uma pista de que ela pertencia a uma família rica). As marcas no seu crânio sugerem que ela foi vítima de canibalismo.
(Fonte: National Geographic)
Um esqueleto encontrado num cemitério Viking em Solør, na Noruega, havia sido identificado como de uma mulher. Mais recentemente, os pesquisadores descobriram que se tratava de uma guerreira, na verdade.
Em 2019, uma equipe da Universidade de Dundee estudou o esqueleto de 1000 anos e constatou que havia uma rachadura profunda em seu crânio. Os estudiosos concluíram que a mulher havia sobrevivido a um ataque violento de espada, o que a caracterizou como a primeira mulher viking com um ferimento de batalha, igual aos que eram vistos em homens vikings.
Com o uso da tecnologia, conseguiram reproduzir o rosto dessa jovem, que deveria ter entre 18 e 19 anos. A reconstituição inclui todos os detalhes constatados na pesquisa (como um olho inchado e um ferimento na cabeça) e pode ser encontrada no Museu de História Cultural de Oslo.
(Fonte: LJMU)
E que tal conhecer o verdadeiro rosto do Papai Noel? Diferente do que muitos imaginam, São Nicolau tinha olhos castanhos, pele morena, maxilar forte e um nariz quebrado.
A descoberta do rosto do Papai Noel começou na década de 1950, quando os restos mortais de São Nicolau foram exumados. Em 2004, um software de computador auxiliou que cientistas reconstituíssem um modelo de seu rosto, que depois deu origem a uma imagem 3D.
Diferente do estereótipo do Papai Noel com olhos claros, o trabalho esclareceu que seus olhos e cor de pele eram os mesmos que das pessoas que habitavam a Ásia Menor, hoje Turquia.