Artes/cultura
03/08/2022 às 05:46•2 min de leitura
Atualmente, os países que já aprovaram o uso recreativo da maconha são México, África do Sul, Tailândia, Uruguai, Canadá, Geórgia, Malta, Território da Capital Australiana na Austrália, e 18 estados, 2 territórios e o Distrito de Columbia nos Estados Unidos.
E, muito diferente do que pensa o senso e a cultura popular, na Jamaica ainda é ilegal o porte e o consumo de maconha, chamada "ganja", com várias penalidades para todos os delitos que a envolverem. Anualmente, vários cidadãos britânicos são presos no país por tentarem traficar ganja e outras drogas.
Ou seja, a maconha não só não é aceita na Jamaica como também não teve origem lá. Sim, tudo o que você imaginou não passa de uma construção social e um estereótipo.
(Fonte: The History Cannabis Museum/Reprodução)
A Cannabis (sativa, indica e ruderalis), apesar do nome hispânico marijuana, registrado pela primeira vez em 1894 e de origem incerta, tem seus mais antigos registros na Ásia Central entre 2000 e 1000 a.C. – onde os três táxons são nativos –, quando viajantes a trouxeram de viagens feitas pelo Himalaia e para a Índia.
Eles chamavam a canábis de ganja, um termo provavelmente oriundo do persa antigo ou iraniano para se referir a "tesouro", e não demorou muito para se criar raízes na cultura indiana, fazendo do país o berço da planta.
Seu uso de maneira medicinal começou em algum ponto entre os séculos III e VIII, por curandeiros para tratar catarro, diarreia e gripes. Nesse ínterim, ela também adquiriu caráter folclórico ao ser incorporada em mitos populares sobre a deusa Shiva e outros contextos divinos. Foi em festivais com essa finalidade que a maconha foi queimada como oferenda à Shiva e fumada para facilitar o diálogo com seres de outro plano.
No século XVII, durante a expansão da Grã-Bretanha pela América do Norte, o cânhamo de canábis se tornou cultura obrigatória para os agricultores. A planta pertence à espécie Cannabis sativa, mas possui um baixo teor da substância psicoativa THC (tetra-hidrocanabidiol), não apresentando mais do que 0,3% por peso seco.
(Fonte: Neurociência em Debate/Reprodução)
O cânhamo foi plantado e colhido, então enviado de volta para a Grã-Bretanha, onde foi transformado em têxteis e devolvido para as colônias como produtos, com um valor tão grande que serviu até como moeda. Nos Estados Unidos, a planta permaneceu por muito tempo, infiltrada em muitos aspectos da cultura, inclusive a Constituição de 1787 foi escrita em papel de cânhamo, igual muitos dos documentos históricos da época.
Em meados de 1841, Sir William Brooke O'Shaughnessy, um prestigiado médico irlandês no campo da farmacologia, introduziu ainda mais a canábis na medicina ocidental após viver por muito tempo na Índia, escrevendo extensamente sobre seu uso terapêutico.
A essa altura, os britânicos já espalhavam a planta para suas colônias no Novo Mundo e na Austrália, responsáveis por sua proliferação pelo mundo e integração da erva tanto na cultura comercial como na economia australiana, onde permaneceu por mais de 150 anos.
Como os indianos dificultaram o processo de retirada da canábis do país, uma rede clandestina foi desenvolvida pelo Reino Unido para desviar quantidades ainda maiores do produto, e acabou criminalizada pelo pudor da Era Vitoriana na década de 1870, mas que não impediu que o negócio continuasse funcionando de maneira secreta.