O que é a 'demissão silenciosa' e o que ela pode causar?

31/08/2022 às 02:002 min de leitura

Um novo movimento tem chamado a atenção nas últimas semanas: a demissão silenciosa. E foi nas redes sociais onde postagens de usuários que defendiam a ideia de fazer apenas o necessário no trabalho, ou melhor: cumprir as obrigações, sem ir além com jornadas fora do horário ou aos finais de semana gerou debate.

Polêmico, o assunto gerou perplexidade e mesmo um maior questionamento se realmente se trata de uma nova tendência. Indo além da discussão sobre salários e benefícios, mostra um dos reflexos do mundo pós-quarentena, pois não se trata da primeira manifestação que se popularizou e que analisa qual papel o trabalho tem desempenhado na vida das pessoas.

A alta cobrança tem feito, cada vez mais, os trabalhadores reavaliarem se devem permanecer no emprego. (Fonte: Unsplash)A alta cobrança tem feito, cada vez mais, os trabalhadores reavaliarem se devem permanecer no emprego. (Fonte: Unsplash)

Busca por propósito e melhores condições de trabalho

Já colocada em prática antes mesmo de se apresentar por este nome, a demissão silenciosa tem sido aplaudida por alguns e vista com certo descrédito por pessoas que desempenham funções que exigem mais e que não enxergam como tal mentalidade poderia ser o caminho para obter melhores condições de trabalho. O debate levanta a necessidade de ir além das expectativas e a busca por não ter no ofício um empecilho para estudar ou ter tempo e disposição para se dedicar a outras tarefas no âmbito pessoal.

Relatos de jornadas abusivas, acúmulo de funções e mesmo a impossibilidade de trabalhar em home office ou num regime híbrido após o retorno das atividades presenciais se tornaram mais frequentes em redes como Twitter e LinkedIn nos últimos meses, alimentando um fenômeno conhecido como "A Grande Resignação".

Tempo gasto com deslocamento, principalmente no transporte público, também tem contribuído pela preferência pelos regimes híbrido e home office. (Fonte: Unsplash)Tempo gasto com deslocamento, principalmente no transporte público, também tem contribuído pela preferência pelos regimes híbrido e home office. (Fonte: Unsplash)

A Grande Resignação no Brasil

As demissões voluntárias que se espalharam ao redor do mundo, com destaque nos Estados Unidos e Reino Unido, também chegaram ao Brasil, onde 2,9 milhões de trabalhadores se desligaram. O número corresponde a 34% dos pedidos de demissão realizados pelos profissionais entre janeiro e maio de 2022, segundo dados da Firjan.

As ocupações que elencam o topo da lista de demissões estão ligadas à área da tecnologia da informação, como engenharia da computação, análise de sistemas e programação.

A busca por um trabalho com mais propósito tem estimulado os pedidos de demissão no Brasil e no mundo. (Fonte: Unsplash)A busca por um trabalho com mais propósito tem estimulado os pedidos de demissão no Brasil e no mundo. (Fonte: Unsplash)

Desejo de mudanças 

Por trás tanto da demissão silenciosa quanto da grande resignação também estão os relatos sobre o estresse, ansiedade e Burnout estarem cada vez mais presentes na vida das pessoas. O Brasil, atualmente, figura como o país mais ansioso do mundo, segundo dados da OMS. Mesmo os benefícios oferecidos pelas empresas se tornaram menos atraentes diante das queixas e questionamentos levantados.

A discussão confere um novo caráter à busca por melhores condições de trabalho e possibilita tanto que as pessoas avaliem seus propósitos e como desejam seguir em suas carreiras como dá as empresas uma oportunidade de rever seus modelos de trabalho e de desenvolver uma relação mais equilibrada com seus colaboradores.

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