Artes/cultura
06/10/2022 às 04:00•2 min de leitura
A questão da sexualidade humana é muito abrangente, complexa e engloba várias formas de manifestação e orientação sexual. Hoje, sabe-se que os gêneros têm muito mais possibilidades além dos binários "feminino" e "masculino".
É nesse contexto que aparece o conceito de fluidez de gênero, ou gender fluid, que envolve as identidades ou expressões de gênero que abrangem tanto o feminino quanto o masculino. As pessoas que se reconhecem como gênero fluido têm identidades de gênero que passam por mudanças de tempos em tempos. Portanto, podem se sentir em certos momentos como mulher, e, em outros, como homem ou mesmo como nenhum deles.
(Fonte: Shutterstock)
Acredita-se que a palavra genderfluid tenha surgido nos anos 90. A suspeita é que ela envolvia pessoas que se identificavam como crossdressers, drag queens ou drag kings, que se vestiam ou atuavam de outro gênero por conta da diversão que isso gerava.
Em 2012, foi criada uma bandeira de gênero fluido, e postada no blog Genderfluidity, de autoria de JJ Poole. A bandeira representa a flutuação e a flexibilidade de gênero dessas pessoas, e todas as cores são simbólicas: rosa é a feminilidade; branco, a ausência de gênero; roxa, a combinação entre feminino e masculino; preta simboliza todos os gêneros; azul aponta para a masculinidade.
As pessoas que se consideram como gênero fluido acreditam que o gênero não precisa ser algo fixo ou estável. Entre as pessoas que se reconhecem assim, estão celebridades como Miley Cyrus, Ruby Rose e Cara Delevingne.
(Fonte: Shutterstock)
Sim. Segundo a psicóloga Liz Powell, a fluidez de gênero oferece a oportunidade de que as pessoas assumam sua identidade e expressão diariamente, sem terem que ficar presas a um único rótulo de gênero dominante. "Existem tantas formas de fluidez de gênero quantas pessoas de gênero fluido", declarou para a BBC.
A ideia da fluidez de gênero encontra suas raízes também na ideia de uma fluidez sexual, ou seja, no entendimento de que há orientações sexuais que vão além do hétero, homo e bissexual, e que mesmo isso pode mudar ao longo da vida.
“Nós costumávamos pensar que as pessoas vinham em dois campos, hétero e homossexuais. Depois, percebemos que existem pessoas que não se sentem enquadradas em nenhuma dessas categorias. A fluidez sexual foi uma forma de tentar descrever e explicar esse fenômeno de mudança, desenvolvimento, oscilação, crescimento e sensibilidade aos contextos do ambiente”, explica Lisa Diamond, professora de Psicologia da Universidade de Utah.
Um aspecto interessante é que muitas vezes estas pessoas mudam sua expressão de gênero de acordo com o seu ambiente. Um local de trabalho tradicional, por exemplo, pode fazer que a pessoa se apresente mais masculina ou feminina para se adaptar aos colegas.
De toda forma, a grande questão aqui é que esta é uma decisão tomada pela própria pessoa, sem que ela seja pressionada a se adequar a algo que não queira. Por isso, muitos indivíduos, quando se reconhecem pela fluidez de gênero, se sentem muito mais livres e felizes.