Qual é a relação entre a 'demissão silenciosa' e o 'antitrabalho'?

25/10/2022 às 10:003 min de leitura

A pandemia de covid-19 que assolou o planeta nos últimos dois anos impactou nossas vidas em diversas maneiras, incluindo, é claro, no âmbito do trabalho. Com o isolamento social, a esmagadora maioria das empresas optou temporariamente pelo trabalho remoto, permitindo aos funcionários realizarem suas atividades sem precisar sair de casa.

Agora, após as campanhas de vacinação e o término do distanciamento, o mercado voltou à antiga rotina. O mesmo, porém, não necessariamente pode ser dito dos colaboradores, que em muitos casos sentiram o baque de precisar retornar ao local de trabalho depois de tanto tempo atuando à distância. Isto, somado a outros fatores, resultou em fenômenos como o "movimento antitrabalho" e a "demissão silenciosa".

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O aumento nos pedidos de demissão

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Embora não seja nenhuma novidade que empregados insatisfeitos possam vir a pedir demissão, empregadores ao redor do mundo estão começando a sentir cada vez mais os efeitos deste problema. Encontrar bons profissionais qualificados pode ser complicado, além de que processos seletivos não são lá tão baratos. Por isso, o aumento na incidência de colaboradores pedindo demissão começou a deixar empresários e corporações com o alerta ligado.

Nos Estados Unidos, por exemplo, em setembro do ano passado, a taxa de pedidos de demissão bateu recorde, aumentando em 3%. A informação, compartilhada pelo Departamento de Estatísticas de Trabalho do país norte-americano, mostrou ainda que entre maio e setembro de 2021 cerca de 20,2 milhões de americanos deixaram seus empregos.

Essa Grande Resignação, como também é chamado o movimento antitrabalho, não é exclusiva dos EUA: de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em agosto deste ano o percentual de demissões voluntárias no Brasil chegou a 35,7%. Isto significa que, naquele mês, do total de 1.773.161 demissões registradas, um total de 632.798 trabalhadores foram desligados por vontade própria.

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Outra questão que vem ganhando cada vez mais força e adeptos no mercado de trabalho é a demissão silenciosa. Diferente da Grande Resignação, aqui o funcionário opta por outro caminho: em vez de pedir seu desligamento, a pessoa simplesmente passa a cumprir apenas o mínimo para continuar empregada. A demissão silenciosa vem ganhando cada vez mais força principalmente entre os trabalhadores mais jovens, que evitam o burnout e priorizam "viver bem".

A tendência vem na direção oposta da cultura workaholic, que engloba aqueles que não conseguem se distanciar do trabalho, vivendo em função do emprego. Em vez de "trabalhar enquanto outros dormem", os quiet quitters (termo usado para se referir aos que aderem à demissão silenciosa) geralmente não trabalham fora do horário de serviço, evitando, por exemplo, ler e responder e-mails e mensagens ou atender ligações após o expediente.

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E qual é a relação entre os dois movimentos?

Ainda que a demissão silenciosa tenha se popularizado e fortalecido muito mais após o aumento recente no número de desligamentos voluntários, os dois fenômenos são um pouco diferentes. De um lado estão aqueles que não se enxergam mais desempenhando antigas funções do jeito tradicional, optando então por pedir demissão; do outro, estão os que preferem equilibrar a vida pessoal e a profissional, entregando somente o mínimo requerido pelo cargo exercido.

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Porém, ambos os casos podem ter origem similar: a desmotivação, seja ela com o próprio emprego ou com o mercado de trabalho em geral. Os que se desligam voluntariamente estão insatisfeitos com as condições de trabalho e, quando não conseguem se adaptar ou não enxergam mudanças no curto prazo, desmotivados, preferem abdicar da própria vaga. Enquanto isso, os quiet quitters não têm motivação para trabalhar mais do que o necessário, optando por fazer apenas o básico.

Tanto no caso do antitrabalho quanto da demissão silenciosa, uma possível solução seria o diálogo com outros funcionários, principalmente os de hierarquia mais alta. Um problema, porém, é que ambos os fenômenos se dão em parte justamente pelo fato de, em muitos casos, funcionários sentirem que não é possível dialogar com seus superiores.

Portanto, é preciso haver canais que possibilitem esta conversa nas organizações, para possibilitar a troca de informações e experiências em todos os níveis das corporações em busca de equilíbrio.

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