Artes/cultura
25/11/2022 às 11:00•2 min de leitura
Na manhã do dia 8 de maio de 1991, um homem chamado Peter Chiodo foi até uma oficina para verificar o motor de seu Cadillac. Chiodo chegou ao local, desceu do carro e levantou o capô. Nesse mesmo instante, dois atiradores apareceram do nada e abriram fogo.
Conhecido como Fat Pete ("Pete Gordo" em português), ele foi um mafioso violento e bastante conhecido em Nova York durante a década de 1980, mas acabou mudando de lado após ser preso. Quando seus antigos parceiros descobriram isso, decidiram eliminá-lo. Porém, apesar dos tiros, Chiodo sobreviveu devido à gordura do seu corpo.
Peter Chiodo, ao centro, saindo de uma reunião da máfia no Brooklyn. (Fonte: Wikimedia Commons)
Peter Chiodo nasceu em Bensonhurst, Brooklyn, em 1950. Existem poucos registros e informações sobre a sua infância — até mesmo a data exata do seu nascimento é desconhecida. O que se sabe é que ele cresceu em um viveiro da máfia, e em 1970 a sua história criminal teve início, quando ele foi preso pela primeira vez.
No final dos anos 1970, Chiodo era um membro não oficial da família Lucchese — ele seria introduzido oficialmente em 1987. Esse contato com o crime organizado fez com que ele se aproximasse de Anthony “Gaspipe” Casso. Ele era um mafioso em ascensão que impactaria sua vida nos próximos anos e daria início aos anos mais sangrentos da família Lucchese.
A grande contribuição de Chiodo para a máfia aconteceu durante a década de 1980. A cidade de Nova York passou por um processo de revitalização de moradias populares e os Luccheses assumiram o controle do sindicato responsável pela substituição de janelas.
Peter Chiodo foi o responsável por supervisionar as atividades de extorsão trabalhista e ajudou a forçar empresas legítimas a sair do mercado por meio de intimidação e ameaças de violência. Com o controle de um projeto tão grande, a família Lucchese se tornou uma das mais influentes de Nova York.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A situação da família Lucchese começou a mudar no final da década de 1980. Anthony “Gaspipe” Casso iniciou uma campanha assassina, eliminando qualquer um que ele suspeitasse de deslealdade. Ele ordenou que os membros de outras famílias envolvidas nas substituições das janelas fossem eliminados, temendo que eles pudessem se tornar testemunhas da polícia, o que de fato aconteceu.
Em maio de 1990, Casso, Chiodo — nessa época já conhecido como Pete Gordo devido aos seus 180 kg — e vários outros foram indiciados por 14 acusações federais de extorsão no caso das janelas. Percebendo que provavelmente morreria na prisão se condenado no julgamento, Chiodo se declarou culpado em dezembro de 1990. Ele havia cometido o pecado imperdoável da máfia: não pedir primeiro a permissão dos chefes.
Assim, Casso ordenou que Chiodo fosse morto, dando o contrato ao chefe interino Al D'Arco. Ele descobriu que Chiodo estava deixando a cidade como medida protetiva até a data de sua sentença e planejou o assassinato no dia que Pete Gordo planejava levar seu carro à oficina.
Os dois atiradores apareceram do nada e abriram fogo contra ele, mas uma das armas falhou, dando a Chiodo tempo suficiente para tentar se esconder. Enquanto as balas voavam, 12 tiros atingiram Chiodo em seus braços, pernas e tronco. Aproximando-se de Chiodo no chão, a arma do segundo atirador emperrou e os assassinos partiram, presumindo que Chiodo deveria estar morto.
Pete Gordo sobreviveu e, sabendo que não havia outra opção, decidiu cooperar com a polícia — sua família entrou rapidamente no programa de proteção a testemunhas. Em setembro de 1991, Chiodo entrou no tribunal e testemunhou no julgamento das janelas contra membros de diversas famílias de Nova York. Ele foi questionado no depoimento sobre o que o motivou. “Fui baleado 12 vezes”, respondeu.
Peter Chiodo morreu em janeiro de 2016 de causas naturais, aos 65 anos.