Por que marcas como a Balenciaga são tão populares e caras?

06/12/2022 às 04:003 min de leitura

Durante as últimas semanas, o mundo da moda foi abalado com as denúncias de que a marca Balenciaga estaria fazendo apologia à pornografia infantil e pedofilia em sua última campanha. A empresa foi duramente criticada após ter anunciado fotos de duas meninas segurando bichinhos de pelúcia vestidos com fantasias que parecem ser de BDSM — uma prática sexual que envolve sadomasoquismo e submissão.

Não demorou muito para que a marca viesse a público pedir desculpas pela campanha e afirmar que os "ursinhos não deveriam ter apresentados com crianças". De qualquer forma, a Balenciaga segue sendo uma empresa referência no mundo da moda com lucros estratosféricos por conta das vendas de seus produtos luxuosos. Mas por que marcas como essa senguem sendo tão populares e caras? Entenda os bastidores!

História da Balenciaga

(Fonte: Internet/Reprodução)(Fonte: Internet/Reprodução)

A Balenciaga é uma casa de moda de luxo criada pelo espanhol Cristóbal Balenciaga em 1937. Autodidata, o estilista passou a ser conhecido por nunca esboçar uma única peça de suas coleções com lápis e papel, tornando-se uma figura completamente relevante no mundo da moda no século XX — sendo influente até hoje.

Não demorou muito para a empresa ser conhecida por seus movimentos ousados e inovadores, tornando-se uma casa de costura parisiense pioneira na moda feminina durante o século XX. A habilidade impecável de Balenciaga era o que o diferenciava de nomes da época como Chanel e Dior.

Começando tão jovem nessa empreitada, suas habilidades de corte de moldes e construção de roupas estiveram no ápice do mercado. Sua maestria lhe rendeu muita admiração no ramo, mas também era conhecido como uma figura polêmica nos bastidores. Cristóbal não era um homem de muitos amigos e tinha fama por hostilizar imprensa e paparazzis. 

Disparada do sucesso

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

A consolidação da Balenciaga surgiu mesmo durante a década de 1950, quando a casa de moda passou a ser tão bem sucedida quanto ainda é hoje. Cristóbal foi pioneiro em silhuetas femininas nunca antes vistas para mulheres, trazendo designs radicais em um tempo onde qualquer coisa fora do padrão trazia muita polêmica.

Depois de várias décadas de sucesso, Balenciaga fechou sua casa de moda de alta costura em 1968, falecendo apenas quatro anos depois disso, aos 77 anos. O fim do império havia deixado os fãs em choque, mas esse não era o fim da empresa. Em 1986, a marca renasceu pelas mãos de diversos Diretores Criativos como Nicolas Ghesquière. 

Em 2001, a casa de moda acabou sendo adquirida pela Kering, conglomerado que também é detentor das marcas Yves Saint Laurent, Alexander McQueen e Bottega Veneta. Mesmo com uma história tão longa, a Balenciaga sempre seguiu sendo uma das marcas de ponta no mundo da moda, causando impacto nas passarelas até hoje — como aconteceu com a sua mais recente colaboração com a Adidas para 2022/23.

Preços astronômicos

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Um fato a respeito de marcas como a Balenciaga é que, embora elas sejam revolucionárias no mundo da moda, adquirir produtos delas não é para todos. A menos que você esteja pensando em comprar uma falsificação, qualquer objeto que carregar o nome de Cristóbal Balenciaga custará o olho da cara. 

Mas por que essas marcas de luxo possuem preços tão absurdos? Em primeiro lugar, tudo está relacionado com um senso de status e exclusividade. No fim do dia, quem adquire um desses produtos ganha "o direito" de se gabar para seus colegas sobre sua capacidade financeira.

Portanto, pagar mais de US$ 1 mil por um par de tênis não se torna algo questionável, mas um simbolismo de poder. Além disso, os preços só podem se manter nas alturas pois existe demanda para isso. Logo, enquanto milionários estiverem dispostos a pagar quantias exorbitantes em certos produtos, não há motivos para esse cenário mudar.

Logicamente, os produtos de luxo são feitos com matéria-prima da mais alta qualidade, o que evidentemente deixará seus consumidores mais satisfeitos com o resultado — sem contar que cada coleção é tão inovadora que dificilmente você encontrará alguém vestido igual a você nas ruas. Por fim, as marcas de luxo são amadas pelas celebridades, que constroem o hype em cima desses produtos e fazem com que eles entrem no imaginário popular de sucesso.

Luta contra o racional

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Seja as denúncias de pornografia infantil na Balenciaga, as inúmeras polêmicas envolvendo a Gucci — o que inclusive virou trama de filme —, ou qualquer situação caótica envolvendo o mundo da moda de luxo, tudo acaba sendo abafado pelo comportamento irracional dos consumidores. 

Afinal, é difícil demais derrubar a reputação de marcas que montaram impérios ao longo de décadas e se tornaram colossos no setor. Em termos de psicologia, o consumismo faz com que as pessoas parem de se comportar racionalmente o tempo todo, agindo em torno do seu próprio interesse na maioria do tempo e esquecendo seu interesse financeiro.

No fim do dia, parece mais importante adquirir uma falsa sensação de poder e de dominância do que ligar para qualquer coisa de errado que possa estar acontecendo ao seu redor.

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