Ciência
21/01/2023 às 11:00•2 min de leitura
Um relatório feito pela Organização das Nações Unidas estimou que 60 milhões de crianças e bebês foram abandonados por suas famílias e vivem sozinhos ou em orfanatos pelo mundo. Só nos Estados Unidos, uma média mostra que entre 600 a 1.600 recém-nascidos são descartados pelos seus pais a cada ano – muito embora acredita-se que esse número seja subestimado.
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA declarou que, em 2021, mais de 391 mil crianças viviam no sistema de assistência social do país – e o número só aumenta. Mais de 113 mil crianças são elegíveis para adoção e esperarão, em média, quase 3 anos por uma família adotiva.
O grande problema do sistema é a maneira como esses bebês são abandonados: em muitos casos, acabam sucumbindo a fatores externos antes de encontrar os braços de alguém e ser encaminhado para o hospital mais próximo. Foi pensando nisso que foi criada a Safe Haven Box, uma caixa onde os pais podem depositar seus filhos de maneira anônima para serem encaminhados à adoção.
(Fonte: Safe Haven Baby Boxes/Reprodução)
Em 6 de janeiro desse ano, a caixa da cidade de Ocala, na Flórida, foi finalmente estreada desde sua instalação há dois anos, no Ocala Fire Rescue, o centro de técnicos de emergência médica e paramédicos da cidade. A instituição anunciou que um bebê foi depositado com cuidado na Safe Haven Box, uma iniciativa da fundadora Monica Kelsey.
Em comunicado à WESH, rede afiliada da NBC, a caixa climatizada foi usada durante o feriado e Kelsey parabenizou os pais dessa criança por escolherem a caixa como alternativa, em vez de abandonar a criança em qualquer lugar.
“Sabemos que este bebê será muito amado por uma família adotiva”, disse Kelsey. “E estamos muito entusiasmados por fazer parte da proteção de bebês que são abandonados”.
(Fonte: Katie Kapusta/Spectrum News 1/Reprodução)
A "Baby Box" de Ocala é apenas uma entre 134 caixas que podem ser encontradas em território norte-americano, permitindo que os bebês sejam entregues anonimamente e de maneira segura às autoridades.
A iniciativa custa US$ 10 mil, podendo ser alugada por US$ 200 por mês. As caixas acompanham um controle de temperatura e um alarme silencioso que informa aos bombeiros sobre a presença de um bebê 1 minuto após ser colocado em seu interior.
Kent Guinn, prefeito de Ocala, ficou satisfeito em saber que o equipamento está incentivando os pais a beneficiarem seus filhos de maneira humana, chamando o primeiro recém-nascido até de “bebê milagroso”.
“Eu sabia que quando fizemos isso em 2020, esse dia tão esperado chegaria", celebrou Guinn à WESH. “Estamos contentes por estar lá como um recurso”.
(Fonte: James Tutten/WFTV/Reprodução)
Desde que o programa começou, em novembro de 2017, 23 bebês já foram resgatados das 137 caixas espalhadas por estados do país. Além disso, a Safe Haven disse que ajudou com sete referências de adoção, além de mais de 100 renúncias legais feita por pais anônimos.
A iniciativa da organização serve exatamente para evitar manchetes como esta “Casal ‘herói’ do Texas resgata bebê em galpão abandonado usando apenas um pequeno vestido e sem fralda”, noticiada em setembro de 2022 pelo USA Today. Na ocasião, Katherine McClain, de 52 anos, revelou que, se não tivesse ninguém para resgatar a criança, talvez não tivesse resistido.
Apesar disso, o programa da Safe Haven possui seus críticos. Algumas pessoas compartilham da mesma ideia – equivocada – de que a descriminalização do aborto oferece os meios para que mulheres abortem de maneira indiscriminada, quando, na verdade, apenas evita que elas morram no processo e que possam tomar suas próprias decisões sem que o Estado interfira em seus corpos.
Os críticos conservadores não conseguem enxergar que esses pais vão abandonar seus filhos com ou sem a iniciativa da caixa, que oferece uma alternativa segura para isso. Na verdade, eles enxergam como uma ferramenta para abandono em massa, e que, portanto, deve ser descontinuada, ignorando a taxa de morte e abandono ilegal que acontece diariamente nos EUA.