O legado da mineração ainda destrói a África do Sul

31/01/2023 às 04:002 min de leitura

Desde 1886 que o continente africano ganhou a alcunha de "o maior produtor de ouro do mundo", quando garimpeiros encontraram vários recifes de ouro ao redor da atual Joanesburgo, capital da África do Sul, e se tornaram os responsáveis por desencadear uma corrida de exploração liderada, sobretudo, pelos europeus.

Com isso, a região sofreu um boom na produção, com exploradores chegando de várias partes do globo, colocando a África como a principal produtora de ouro do mundo, por várias décadas, chegando a produzir 30% do minério mundial. A Golrange Resources, uma empresa de exploração canadense, foi apenas uma das que se juntaram à corrida para adquirir depósitos de ouro no continente.

O excesso de mineração na África não só trouxe prejuízos econômicos com a escassez dos recursos, como deixou um legado destruidor. Em 2022, a NASA divulgou uma imagem de satélite de uma faixa dourada brilhando em uma paisagem marrom e árida. Era o lixo tóxico de um colapso destruidor da barragem de rejeitos de uma mina desativada que já pertenceu à De Beers, na África do Sul.

O lixo deixado para trás

(Fonte: Live Science/Reprodução)(Fonte: Live Science/Reprodução)

O colapso da barragem Rio-Rita Breytenbach aconteceu em 11 de setembro de 2022, em Jagersfontein, na África do Sul, por volta das 6h. Uma torrente de resíduos da mina atravessou a barreira desmoronada e carregou pelo menos 40 pessoas, das quais 3 morreram na inundação tóxica em meio a centenas de animais. O dilúvio destruiu mais de 160 casas. Em entrevista ao The New York Times, uma moradora da região relatou que a enxurrada de lixo a levantou de uma cadeira e a levou para fora da casa. “Eu rezei para sobreviver”, disse ela.

Com mais de um quilômetro de largura, os rejeitos se espalharam por cerca de 8 quilômetros a sudeste da mina, em uma faixa de poluição que danificou mais de 16 km quadrados de pastagens, se infiltrando em cursos d’água, como o Rio Prosesspruit, e contaminando os sistemas de água potável que alimentavam pessoas e a agricultura. Entre pedaços de rocha, a mistura de água possuía uma alta concentração de cobre, mercúrio, cádmio, zinco, ácido sulfúrico e cianeto; aditivos muito usados em processo de mineração.

A imagem, captada pela NASA um mês após a tragédia, só deixou claro como o desastre inicial impactou a região, durando muito além da inundação inicial. A agência declarou que os pontos mais brilhantes da imagem provavelmente não mostram líquido, mas resíduos secos e lama deixados para trás à medida que a água evapora.

A exploração sem fim

(Fonte: Flood List/Reprodução)(Fonte: Flood List/Reprodução)

A preocupação com a estabilidade das várias barragens de rejeitos de minas inativas ao longo do continente africano é uma preocupação crescente nos últimos tempos, sobretudo após a repercussão do Desastre de Brumadinho, que aconteceu no Brasil em 2019 e matou mais de 270 pessoas.

O número dessas falhas aumentou mais nos últimos anos, com metade de todos os colapsos nos últimos 70 anos ocorrendo entre 1990 e 2009. Barragens de rejeitos são menos estáveis que as barragens de água porque são os resíduos, não o objetivo final, que fará com que os construtores ganhem dinheiro gerando eletricidade. Sendo assim, elas são construídas ao longo do tempo e as mineradoras cortam custos ao longo do processo.

O que aconteceu com a mina de Jagersfontein é apenas um exemplo do legado tóxico deixado pela mineração de ouro e diamantes na África do Sul, intrinsecamente ligado ao colonialismo. 

Ela é uma das minas mais antigas do mundo, sendo que foi de lá que o jubileu batizado em homenagem à rainha Vitória da Inglaterra foi cortado de uma rocha de 650 quilates. Enquanto isso, os sul-africanos tiveram que lidar com o lixo deixado pelos exploradores em todos os aspectos.

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