Ciência
16/02/2023 às 06:30•2 min de leitura
O Carnaval é a festa mais democrática do mundo. Sua proposta é justamente fazer todos e todas curtirem juntos, sem diferenças, durante quatro dias. Mas será que ela é uma celebração inclusiva e acessível? A verdade é que uma boa parte da população, como as pessoas com deficiência, nem sempre tem a possibilidade de acessar os lugares das festas.
Em 2023, várias ações estão sendo desenvolvidas nas capitais do país com o intuito de oferecer aos PcDs as melhores condições para cair na folia. A ideia é muito oportuna e vem em boa hora: segundo o último Censo do IBGE, cerca de 24% dos brasileiros declaram ter algum grau de deficiência, seja ela mental ou física.
(Fonte: Victor Moriyama/Getty Images)
Em São Paulo, vários blocos serão formados ou frequentados pelos PcDs. Um deles é o "Sim, Podemos", bloco criado para promover a igualdade e valorizar a presença das pessoas com deficiência em todos os lugares.
A Prefeitura de São Paulo também lançou a 7ª edição do “Samba Com as Mãos". Trata-se de uma ação que traduz sambas-enredo em Libras e é promovida em parceria com a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo. Já nos desfiles no Sambódromo do Anhembi, a escola Camisa 12 já se apresentou com o enredo “Da Inclusão à Superação. Todos Somos Iguais. Sou um Campeão”.
(Fonte: Wagner Meier/Getty Images)
Já no Rio de Janeiro, a prefeitura está distribuindo 300 ingressos para que pessoas com deficiência possam acompanhar o desfile das escolas de samba no Sambódromo da Sapucaí. Os convites são para o Setor 13-PCD e garantem a entrada nos dias de apresentação do Grupo Especial, Série Ouro e para o Sábado das Campeãs. Vale ressaltar que o Rio de Janeiro tem, desde 2003, a escola de samba Embaixadores da Alegria, que é a primeira agremiação inclusiva do carnaval carioca.
Alguns blocos do Rio de Janeiro também estarão realizando ações para garantir a acessibilidade durante o Carnaval. Dentre eles, estão o “Tá Pirando, Pirado, Pirou!”, “Loucura” e “Senta Que Eu Te Empurro”. Já os blocos “Sargento Pimenta”, “Bangalafumenga” e o “Oficina da Alegria” contarão com intérpretes de Libras o tempo todo.
A prefeitura do Rio de Janeiro também está instalando três mil e quatrocentos banheiros químicos específicos para pessoas com deficiência ao longo do trajeto dos blocos de rua - totalizando 10% dos banheiros que estarão disponíveis para os foliões.
(Fonte: Mario Tama/Getty Images)
Em Belo Horizonte, quatro blocos estarão preparados para receber os foliões com deficiência. Três desfilam no próximo sábado: “Apaetucada”, “US” e “Gato”; e o bloco “Todo” desfila no domingo de carnaval.
Por fim, em Recife a prefeitura vai oferecer o Camarote da Acessibilidade para o desfile do Galo da Madrugada. Há 300 vagas para o camarote inclusivo, que está recebendo inscrições. O mesmo acontece com Salvador, que também terá camarotes acessíveis.
O defensor público federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Sociais, ressalta a importância dessas ações. “Quando se trata de acessibilidade para pessoas com deficiência, o carnaval ainda deixa a desejar, mas já vemos avanços. A enorme quantidade de blocos existentes hoje no Brasil, que reúnem pessoas com e sem deficiência, ajuda a dar visibilidade a essa população e ainda lança luz ao tema Inclusão, de forma leve e descontraída."
"Vale destacar que nos Sambódromos do Rio e de São Paulo já é realidade a presença de deficientes físicos e visuais como jurados e funcionários, desde 2012. Isso ajuda a quebrar preconceitos e ainda abre espaço para a cobrança de políticas públicas direcionadas a esse público”, explica.