Artes/cultura
19/02/2023 às 13:00•2 min de leitura
É bem provável que se você perguntar para uma pessoa evangélica, ou um religioso mais tradicional, alguma coisa a respeito do carnaval, possivelmente obterá uma resposta do tipo “não devemos fazer parte do carnaval porque ele encoraja as pessoas a deixar Deus de lado para ceder livremente aos desejos da carne.”
Ou ainda, "o carnaval não é uma festa cristã e Deus não admite coisas que incentivam o pecado". Também temos a clássica frase repetida por muitos evangélicos: "a palavra carnaval já diz tudo, a carne nada vale".
Ao analisar boa parte das crenças religiosas evangélicas do Brasil vamos encontrar de tudo um pouco. Nos próximos tópicos vamos explorar, com todo respeito que qualquer crença merece, essa questão.
(Fonte: 489327/Pixabay)
Acredita-se que o carnaval teve sua origem em festas pagãs, baseada em festivais romanos, a exemplo da Lupercalia e da Saturnália. A Igreja Católica até se envolveu na festa, numa tentativa de apropriação. Por isso, para muitos, o carnaval é uma festa católica. Embora não tenha nada do simbolismo da religião.
A ideia dos católicos de séculos atrás era de que, como os pagãos convertidos não queriam desistir dos festivais, eles precisavam encontrar uma forma de cristianizá-lo, fazendo com que as comemorações fizessem parte de seu calendário religioso. Por um tempo, isso meio que deu certo, mas depois a situação tomou outros rumos.
(Fonte: Eduardo Braga/Pexels)
Os supostos pecados do carnaval são outro grande motivo para os evangélicos evitarem as festas. Para muitos, apenas o ato de comparecer a um desses eventos já os tornam automaticamente pecadores, visto que ele abre as portas para o erro. Além disso, no calendário evangélico nem sequer existe uma data que possa ser usada como desculpa para defender a festa.
Algumas lideranças religiosas alertam seus fiéis para evitarem essas comemorações para não acabarem sendo tentados a usar o evento para se entregar ao excesso de bebidas e luxúria, o que por consequência acaba em pecado. Isso até que tem uma lógica, afinal, se você não deseja cometer erros, é melhor evitar locais que o induzam a errar.
Por outro lado, muitos religiosos, não somente evangélicos, são adeptos da ideia de que é possível participar das comemorações, desde que se abstenham de práticas que vão contra suas crenças. Para esse grupo, é possível aproveitar o carnaval sem pecar.
Vale lembrar que, atualmente, as crenças são muito personalizadas. Logo, o que uma igreja proíbe, a outra nem se importa.
(Fonte: Emma Benitez/Pexels)
Além disso, é interessante ressaltar que os evangélicos, assim como os católicos, costumam adaptar/criar festas com inspirações "do mundo". Quem nunca ouviu falar sobre um “CarnaCristo” por aí, ou um retiro de celebração (entenda como festa religiosa) no lugar do carnaval secular? Existem até mesmo eventos com atabaques, ritmos e danças típicas de outras crenças, como o candomblé e a umbanda. Uma rápida busca na internet sobre o tema já é o suficiente para notar tais aspectos.
Por fim, não há uma resposta certa ou errada para essa questão. Se a pessoa se sentir confortável em participar, tudo bem, se não, também está ok. Ou, como diria o apóstolo Paulo de Tarso em 1 Coríntios 6:12, "todas as coisas me são lícitas; mas nem todas convêm."
E já que estamos falando de carnaval, sabia que essa festa chegou por aqui com os colonizadores portugueses. De acordo com os historiadores, a festividade se estabeleceu com mais solidez entre os séculos XVI e XVII. Uma das primeiras práticas carnavalescas naquela época se chamava entruto, um tipo de brincadeira que se fixou fortemente no Rio de Janeiro e ocorria alguns dias antes da quaresma.