Ciência
05/05/2023 às 04:00•4 min de leitura
Histórias macabras envolvendo cultos não são nenhuma novidade, chocando o público há muitas décadas quando finalmente se tornam notícia. E por mais que vários desses grupos acabem sendo esquecidos depois de um tempo, isso não significa que não continuam ativos, com suas crenças sendo propagadas por várias pessoas, e às vezes, pelo mundo.
Pensando nisso, separamos seis grupos originários dos Estados Unidos que já foram acusados de crimes graves, mas que continuam realizando suas atividades no país e até internacionalmente. Confiram abaixo:
Berg lendo com seu filho adotivo. (Fonte: David Berg/Reprodução)
Fundado por David Berg em 1968 na Califórnia, este movimento religioso cristão era originalmente chamado "Adolescentes por Cristo". Trocando de nome várias vezes, ele passou a ganhar notoriedade sob a alcunha de "Meninos de Deus" (Children of God, ou COG, em inglês).
Em 1978, depois de problemas envolvendo abuso de poder e má gestão financeira, o criador decidiu reorganizá-lo por completo, com um terço total dos membros abandonando a seita ou sendo excluídos.
Aqueles que ficaram passaram a pertencer à nova versão conhecida como "A Família do Amor", que infelizmente não fugiu de escândalos por acusações de abuso sexual infantil, exploração de vulneráveis e estimular participantes consideradas atraentes a trazerem mais homens por meio de sedução.
Aparentemente, o líder também desencorajava seus seguidores a trabalhar e deixar que as crianças fossem para escola. Além disso, os integrantes eram obrigados a viver em comunas de quatro ou cinco famílias dentro da mesma casa, esperando a chegada do apocalipse.
Após a morte do criador em 1994, esta seita foi esquecida por muitos, porém ela continua ativa como "A Família Internacional", tendo centros em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Em 1978, Hulon Mitchell Jr. decidiu abandonar a Nação do Islã por acreditar que o grupo não era radical o bastante. Assumindo o nome Yahweh Ben Yahweh – que essencialmente significa Deus, o Filho de Deus – ele fundou em 1979 um movimento religioso negro chamado Nação de Yahweh, cujo objetivo era levar afro-americanos, que o culto acredita ser os verdadeiros israelitas, de volta para Israel.
A seita se tornou muito popular, com templos espalhados por todo o país e lucrando com complexos de apartamentos, hotéis, lojas e frotas de ônibus e carros caros. Porém, sua crença de que pessoas caucasianas eram "demônios brancos" com "poderes perversos" passou a gerar muitas críticas.
A situação só piorou quando o líder foi acusado de extorsão e conspiração para cometer homicídio, sendo condenado em 2001. Depois da prisão e do falecimento de Yahweh em 2007, o grupo logo perdeu sua notoriedade, mas segue ativo com os seguidores que ainda consideram o fundador como o próprio Messias.
(Fonte: Museras/Wikimedia Commons/Reprodução)
Apesar de ter se originado no final dos anos 1960 do ativismo estudantil de esquerda, este movimento político-cultural mudou para pontos de vista de extrema-direita a partir de meados da década de 1970.
Seu fundador, Lyndon LaRouche, concorreu à presidência dos Estados Unidos oito vezes sem sucesso e era conhecido por mudar suas visões ideológicas conforme achasse conveniente. Ele também tinha a fama de promover teorias da conspiração, e os membros do Larouchismo negam situações como o aquecimento global e mudanças climáticas.
Sob o comando de LaRouche, os integrantes eram submetidos a um rígido controle e a um estilo de vida de total imersão, com clima de tensão. Em 1973, ele ordenou que seus seguidores atacassem membros do Partido Comunista, resultando em várias brigas e muitas prisões. Lyndon LaRouche morreu em 2019, mas o movimento ainda participa da política americana, além de estar presente em muitas organizações e empresas em todo o mundo.
(Fonte: Scott Sabo/Wikimedia Commons/Reprodução)
Com sede em Brentwood, no Tenessi, esse culto prega a perda de peso como um dever espiritual. Ele foi fundado por Gwen Shamblin Lara, que afirmava que a oração poderia substituir os desejos por comida.
Apesar de promover a cultura da dieta, seus ensinamentos diziam ao seguidores para se curvarem apenas a Deus e não a suas geladeiras. No entanto, Lara também usou sua influência para controlar as finanças, casamentos e paternidade dos membros, além de os encorajar a cortar os laços com o mundo exterior.
Ela também impunha passar uma imagem externa de pura felicidade e perfeição aos integrantes, mesmo se estivessem sofrendo. Em 2021, Lara e outros líderes morreram em um acidente de avião, causando o declínio da igreja da dieta sagrada, mas alguns membros ainda defendem seus ensinamentos.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Heaven's Gate foi uma seita OVNI fundada em 1974 por Bonnie Nettles e Marshall Applewhite, que acreditavam ser as duas testemunhas do Apocalipse. O grupo atraiu centenas de seguidores, nos anos 1990, que pretendiam se transformar em seres extraterrestres imortais, rejeitando sua natureza humana e ascendendo ao céu – que eles chamavam de "Próximo Nível".
Em 1997, para seguir os ensinamentos propagados, o culto chocou a nação ao cometer o maior suicídio em massa em solo americano, resultando na morte de 39 membros. Embora o movimento não seja mais amplamente conhecido, duas pessoas ainda continuam a ensinar sua doutrina online.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Este culto apocalíptico acredita em uma interpretação estrita da Bíblia, com ênfase no livro do Apocalipse. Ele foi fundado em 1955 por Benjamin Roden, e se considera uma continuação da Adventistas Davidianos do Sétimo Dia, estabelecido em 1935 como um movimento reformista da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Em 1983, um homem chamado David Koresh assumiu a organização. Sob sua liderança, a seita tornou-se mais radicalizada, com o líder sendo considerado um mentor criminal pelos policiais, que suspeitavam que o grupo estava convertendo ilegalmente rifles semiautomáticos em armas totalmente automáticas.
Quando as autoridades norte-americanas descobriram as atividades do Ramo, eles enviaram agentes disfarçados para investigar. Mas Koresh estava preparado para isso, e a investigação logo se transformou em um cerco de 51 dias que envolveu tiroteio pesado entre o culto e as forças da lei. No final, 76 membros, incluindo Koresh, morreram no ataque, além de mais quatro agentes abatidos e 16 feridos.
De forma surpreendente, o Ramo Davidiano existe até hoje e mantém uma presença em Waco, Texas. No entanto, o grupo tornou-se mais reservado e menos visível desde os trágicos acontecimentos.