Como a realidade virtual pode impedir casos de traição?

27/06/2023 às 13:003 min de leitura

A infidelidade não só continua sendo um tabu entre casais na sociedade, como também o ponto crítico de um relacionamento — um limite que não pode ser ultrapassado. Por vezes, as pessoas aceitam serem tratadas de maneira considerada não saudável em uma relação, mas não toleram de maneira nenhuma uma traição. Ainda hoje, o tópico permanece controverso por haver uma sensibilidade ao seu redor e várias definições diferentes para traição, podendo dificultar ainda mais o conhecimento exato da prevalência do comportamento infiel.

Apesar dessas definições dissonantes que variam entre casais, a traição pode ser melhor descrita como um caso físico ou emocional iniciado sem consentimento expresso do outro parceiro. Ela pode ser totalmente emocional, em que a pessoa sente atração romântica pelo seu objeto de desejo, sem um componente sexual. Ou pode ser de natureza puramente física, sem conexão emocional. 

(Fonte: Getty Images/Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Alguns consideraram beijo uma traição, bem como o sexo, ou até mesmo o simples fato de responder a um elogio em uma rede social. Uma pesquisa intitulada America’s Generation Gap in Extramarital Affairs, mostrou que homens casados traem mais do que mulheres. Cerca de 14% dos casais com menos de 55 anos relataram adultério em seu casamento, sendo que a maioria que trai está casada há 20 ou 30 anos, com idades entre 50 e 60 anos.

Um estudo publicado na Science Direct esse ano mostrou como flertar em realidade virtual pode diminuir casos de infidelidade.

O experimento

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Um levantamento do Statista mostrou que a penetração no mercado global de usuários de óculos de realidade virtual ainda representa 1,3% em 2023, ou seja, trata-se de um grupo de consumidores muito pequeno com relação ao de videogames, que detêm uma taxa de 45%. Contudo, conforme indica o estudo “Mordendo o fruto proibido: o efeito de flertar com um agente virtual na atração por parceiros reais alternativos e existentes”, a realidade virtual pode ser a alternativa para que o flerte não se torne um caso de infidelidade.

Os pesquisadores avaliaram que a razão pela qual a realidade virtual pode combater a infidelidade é porque a exposição diminui a probabilidade de se tornar uma ameaça futura. Essa ideia faz parte da "teoria da inoculação", que propõe que a exposição a ameaças enfraquecidas aumenta o autocontrole, permitindo que as pessoas se preparem para uma ameaça mais séria. Ou seja, se os casais comprometidos pudessem praticar com mais frequência infidelidade em uma ambiente fictício, construiriam uma defesa mental contra essa tentação.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Usando óculos de realidade virtual, os pesquisadores realizaram três experimentos na forma de flerte com um personagem fictício. Foram reunidos 65 homens e mulheres que entraram em um bar virtual, onde tiveram contato com um barman do gênero oposto. O avatar do barman se comportou de duas maneiras: na condição experimental, flertou com os participantes de forma sedutora; e na condição de controle, se comportou de forma neutra em relação a eles.

Na segunda parte do experimento, essas pessoas foram para o mundo real e se encontraram com um entrevistador do sexo oposto treinado para mostrar cordialidade, conversando muito próximo e fazendo contato visual frequente como se estivesse em um encontro. 

Transformando a relação

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Depois disso, foi solicitado a cada participante que avaliasse seus sentimentos e percepções durante a interação com o barman virtual e no mundo real. Isso também fazia parte do teste, pois o entrevistador atraente foi instruído a flertar e transmitir interesse pelos participantes.

Ao final da entrevista, os candidatos avaliaram o quanto percebiam a atração sexual do entrevistador. O estudo revelou que, depois que as pessoas flertavam com o barman virtual, sentiram menos atração pelos dois entrevistadores que os abordaram no mundo real.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Os resultados indicaram que os participantes do estudo relataram um desejo sexual mais forte por seu parceiro e um interesse sexual reduzido em outras pessoas após passarem pelo experimento de realidade virtual. De acordo com Gurit Birnbaum, da Escola de Psicologia Baruch Ivcher, da Universidade Reichman, as descobertas nos três estudos indicam que é possível inocular pessoas e torná-las mais resistentes a ameaças ao seu relacionamento amoroso.

“Esse é o primeiro estudo no mundo a ilustrar como uma interação de realidade virtual pode melhorar as relações no mundo real”, disse Birnbaum. Ele também salientou que a ameaça virtual, por definição, não pode prejudicar diretamente o relacionamento, permitindo que as pessoas monogâmicas se preparem para lidar de forma mais eficaz com ameaças significativas no mundo real. 

Dessa forma, as interações virtuais podem contribuir para a capacidade das pessoas em manter relacionamentos estáveis e satisfatórios com seus parceiros verdadeiros.

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