'Medieval Murder Maps': o estudo que mapeia os assassinatos medievais do Reino Unido no século XIV

13/10/2023 às 06:302 min de leitura

Comparado com o que vivemos hoje em dia, a Idade Média oferecia níveis estratosféricos de brutalidade para os seres humanos — sobretudo em regiões como o Reino Unido. Pensando nisso, um projeto realizado pela Universidade de Cambridge mapeou os casos de assassinatos conhecidos na Inglaterra medieval para entender mais sobre o passado sombrio daquela época.

Lançado pela primeira vez em 2018, o Medieval Murder Maps traçou cenas de crimes com base em investigações de relatórios de legistas de 700 anos. O mapa interativo também inclui nomes, eventos, locais e até mesmo o valor das armas dos crimes durante aquele período.

Assassinatos por toda parte

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Segundo os estudos, a população estudantil de Oxford era a mais letal de todos os grupos sociais ou profissionais, tendo cometido cerca de 75% de todos os homicídios no século XIV. A equipe utilizou um arsenal de dados para construir o atlas de ruas de 354 homicídios nas cidades de Oxford, York e Cambridge durante a Idade Média

Os pesquisadores estimam que a taxa de homicídios per capita em Oxford era potencialmente 4 a 5 vezes maior do que cidades como Londres ou York na Idade Média tardia. As taxas de homicídios ultrapassavam a casa de 75 por 100 mil habitantes — 50 vezes superior às taxas de homicídios nas atuais cidades inglesas.

Os mapas, no entanto, não levam em consideração os grandes avanços na medicina, no policiamento e na resposta a emergências durante esse intervalo de tempo, o que teria provavelmente evitado algumas baixas na Era Medieval. Em geral, muitas mortes foram motivadas por brigas entre trabalhadores de curtumes (Tanners) e fabricantes de luvas (Glovers) durante o raro período de prosperidade no século XIV. 

Causas dos assassinatos

(Fonte: Universidade de Cambridge/Reprodução)(Fonte: Universidade de Cambridge/Reprodução)

No início do século XIV, Oxford tinha uma população de cerca de 7 mil habitantes, sendo 1,5 mil deles estudantes. Segundo os relatos feitos pelos legistas da época, 75% dos criminosos da cidade eram estudantes ou membros da antiga universidade local. Contudo, 72% das vítimas de homicídios em Oxford pertenciam ao mesmo grupo.

Na visão dos pesquisadores, uma cidade universitária medieval como Oxford tinha uma mistura mortal de condições. Tendo em vista que os estudantes eram todos do sexo masculino entre os 14 e 21 anos, o pico da violência englobava jovens rebeldes fugindo do controle rígido da família, paróquia ou guilda. Nesse período, eles eram lançados em um ambiente cheio de armas, acesso a cervejarias e trabalhadoras do sexo.

Em 1289, por exemplo, uma discussão entre estudantes em uma taverna da Oxford High Street resultou em uma briga de rua lotada de machados e espadas. O evento culminou na morte de John Burel com um ferimento mortal no topo da cabeça com 15 centímetros de comprimento.

Antes do policiamento moderno, vítimas e testemunhas tinham a responsabilidade legal de alertar a comunidade sobre um crime, algo que era evitado pelos homens. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, os pesquisadores afirmaram esperar que o mapa interativo sirva como um meio para que as pessoas reflitam sobre os possíveis avisos por trás de uma maré de homicídios históricos e consigam explorar paralelos para transformar o presente. 

Fonte

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