Por que é tão difícil diminuir o consumo de carne vermelha?

18/11/2023 às 04:002 min de leitura

O gado desempenha um papel colossal nas alterações climáticas sofridas pelo nosso planeta. Estudos mostram que o gado não é apenas a maior fonte agrícola de metano, um potente gás que aquece a Terra, como também as 940 milhões de vacas existentes no mundo expelem quase 10% de todas as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) — por meio de arrotos e excrementos.

Por conta de dados como esses, existe uma quantidade surpreendente de dinheiro e tempo sendo gasto para o controle dessas emissões. Então, em vez de nos esforçarmos tanto para corrigir esses erros, por que a humanidade simplesmente não diminui o consumo de carne bovina e seus subprodutos? Embora isso pudesse nos salvar, uma mudança tão drástica não é simples assim.

Mudança de hábitos

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

De acordo com uma nova investigação, mesmo um desvio modesto das dietas à base de carne bovina poderia reduzir a pegada de carbono de um indivíduo em até 75%. Porém, separar as vacas da equação climática tem se mostrado um projeto complicado, sobretudo nos Estados Unidos — local com uma indústria avaliada em US$ 275 bilhões anualmente.

Atingir um mundo livre de carne enfrenta desafios formidáveis. Além de superar as mudanças culturais atualmente existentes, também existe o desafio de atender às demandas nutricionais e reequilibrar as complexidades de uma economia agrícola, alimentar e industrial ligada à pecuária. 

Por esse motivo, dietas mais ecológicas são apenas um dos pilares de um conjunto de soluções baseadas em alimentos para reduzir essas alterações climáticas causadas pelo homem. No fim das contas, são tantas barreiras no caminho que pequenas mudanças podem provocar ganhos impressionantes.

Consumo de alimentos provenientes do gado

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

O gosto quase mundial por carne e laticínios parece ser algo inevitável. Recentemente, diversos países registraram um aumento constante no consumo de carne ao longo da década. Estudos feitos em 2021, por exemplo, mostram que a população dos EUA consumiu 12% mais queijo, manteiga e sorvete do que em outros anos, o que mostra uma tendência que se expande para outras partes do planeta.

Do outro lado da moeda, a produção de meio quilo de bife gera quase 100 vezes mais GEEs do que uma quantidade equivalente de ervilhas, enquanto a produção de queijo emite oito vezes o volume da produção de tofu. Porém, mesmo que todos os rebanhos desaparecessem magicamente, isso não eliminaria totalmente o problema.

Estudos mostram que um sistema agrícola livre de animais reduziria apenas 2,6% das emissões totais de GEEs nos EUA. O gado também ajuda a manter subprodutos agrícolas, como cascas e polpas de frutas, reduzindo a produção de carbono dos resíduos agrícolas em 60%. Logo, as atuais emissões da agricultura são resultado de um certo equilíbrio entre culturas e pecuária.

Dada a escala das indústrias de carne bovina e laticínios, o gado claramente não irá desaparecer do mapa tão cedo. Sendo assim, é explicável que tantos recursos tenham sido destinados ao cerne da questão das emissões. No fim das contas, a natureza abrangente dos sistemas alimentares têm exigido uma abordagem coletiva para reduzir as suas enormes emissões. Sendo assim, o foco no futuro deve continuar sendo no desenvolvimento de práticas agrícolas melhoradas, como a maximização dos rendimentos, a minimização dos insumos, a redução da perda e do desperdício de alimentos. 

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