Coreia do Sul proíbe o abate e a venda da carne de cachorro a partir de 2027

11/01/2024 às 08:002 min de leitura

Uma nova lei, aprovada recentemente pelos deputados da Coreia do Sul, tornou ilegal o abate e a venda de cães para produção de carne para consumo humano. Prevista para entrar em vigor a partir de 2027, a legislação representa um divisor cultural entre as gerações mais velhas, apreciadoras de um saboroso "boshintang" (ensopado de cachorro), e a geração mais jovem, que enxerga os colegas de quatro patas como membros da família.

De acordo como a BBC News, a Coreia do Sul possui hoje 1,6 mil Gae So Sikdang, os restaurantes especializados em carne canina, além de 1,2 mil fazendas caninas. O prazo de três anos é justamente para que essas pessoas abandonem gradualmente seus negócios e encontrem empregos alternativos.

Sem citar detalhes, o governo da Coreia do Sul promete apoio aos empresários cujos negócios foram afetados, mas o impacto não deverá ser muito grande. Uma pesquisa do Gallup Coreia, divulgada recentemente pela CNN, revelou que o número de pessoas que comeram carne de cachorro caiu de 27% em 2015 para 8% em 2022.

O que muda com a nova lei sul-coreana sobre comercialização de cães?

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

É importante destacar que a nova lei não torna ilegal o consumo de carne canina em si. A proibição se limita à criação e ao abate de cães para esse fim, bem como as práticas de distribuição e comercialização de carne canina para consumo. 

Como o escopo da lei aprovada é centrado na comercialização da carne canina, todos os condenados por abater cães a partir de 2027 poderão pegar até três anos de cadeia ou uma multa máxima de 30 milhões de wons (cerca de R$ 112 mil). Já os considerados culpados de criar cachorros para produção ou venda de sua carne cumprirão uma pena máxima de dois anos.

O que pensam os tradicionais consumidores de carne canina?

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Embora seja atualmente apontado como cruel, o hábito de comer carne de cachorro é difundido há milênios em vários países asiáticos. Por isso, há muitas pessoas revoltadas com a aprovação da lei. A carne canina é tradicionalmente consumida no verão coreano para aliviar os efeitos do calor, segundo a crença popular, além de ser uma fonte barata de proteínas. 

Em entrevista à BBC, um morador de Seul de 86 anos chamado Kim Seon-ho questiona: "Comemos isso desde a Idade Média. Por que nos impedir de comer nossa comida tradicional? Se você proíbe a carne de cachorro, então deveria proibir a carne bovina."

Os defensores do bem-estar animal, por sua vez, estão comemorando efusivamente (mas sem fogos) a notícia da aprovação da lei. "Nunca pensei que veria na minha vida uma proibição da cruel indústria de carne de cachorro na Coreia do Sul", diz a diretora executiva da Humane Society International/Coreia, JungAh Chae, ao The Guardian.

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