Estilo de vida
12/01/2024 às 04:30•2 min de leitura
A covid-19 se mostrou ser uma doença ainda mais complexa que o imaginado com o passar do tempo, demonstrando sintomas cada vez mais distintos da infecção respiratória. Pacientes também chegaram a apresentar sintomas físicos igualmente debilitantes, como fadiga extrema e duradoura, especialmente após a prática de algum exercício.
Graças a um novo estudo realizado pelo Amsterdam University Medical Center, pesquisadores agora têm descoberto o que causa esse problema. "Estamos vendo mudanças claras nos músculos desses pacientes e a causa dessa fadiga é realmente biológica", destacou Michèle van Vugt, professora de medicina e coautora do estudo.
(Fonte: Getty Images)
Para investigar o que estava acontecendo, os pesquisadores pediram a 46 participantes — sendo 25 pacientes com covid longa e 21 sem a doença, para controle — que pedalassem por 15 minutos. Segundo os pesquisadores, esse tipo de exercício não deveria trazer grandes problemas para um ser humano comum. No entanto, os pacientes que já tiveram covid-19 ficaram claramente mais cansados.
O grupo infectado apresentou uma capacidade de exercício notavelmente inferior ao grupo de controle, relataram os pesquisadores. Além disso, o estudo também identificou várias anormalidades no tecido muscular dos pacientes. "Nas células, vimos que as mitocôndrias do músculo, também conhecidas como fábricas de energia da célula, funcionam menos e produzem menos energia", explicou o professor assistente do Departamento de Ciências do Movimento Humano da Vrije Universiteit Amsterdam e coautor do estudo, Rob Wüst.
E não foi só depois do exercício que essa diferença ficou aparente. Biópsias do músculo esquelético dos participantes, realizadas uma semana antes do exercício, mostraram que os músculos dos pacientes com covid longa tinham uma proporção maior de fibras glicolíticas em comparação ao grupo de controle. Sendo assim, mais músculos dependiam de açúcar, e não de oxigênio, para criar energia — causando uma fadiga mais rápida.
(Fonte: Getty Images)
Se o cenário não fosse grave o suficiente, a situação dos pacientes com covid longa é ainda pior. Não só as mitocôndrias desses indivíduos estavam funcionando pior do que antes, os músculos mostravam sinais de danos nos tecidos mais graves que os seus corpos estavam lutando para reparar.
Ainda mais preocupante, todos os participantes estavam em idade ativa, em boa forma e saudáveis antes de contraírem a doença. Nenhum deles ficou doente a ponto de ser hospitalizado e todos tinham corações e pulmões saudáveis, mesmo após a rodada de exercícios.
Então, para aqueles que sofrem com os efeitos colaterais de uma infecção por covid-19 meses após o vírus ter deixado o seu sistema imunológico, a melhor dica é avaliar os novos limites físicos e não ultrapassá-los no momento.
"Caminhar é bom, ou andar de bicicleta elétrica, para manter alguma condição física. Tenha em mente que cada paciente tem um limite diferente", concluiu o investigador do Amsterdam University Medical Center e coautor do estudo, Brent Appelman.