Ciência
01/06/2024 às 09:00•3 min de leituraAtualizado em 01/06/2024 às 09:00
Em maio de 1924, a revista Popular Science cobria uma das primeiras tentativas para escalar o Monte Everest, realizada por uma equipe de exploradores britânicos. No meio do grupo, estava um veterano do montanhismo extremo chamado George Mallory, e um jovem alpinista inglês chamado Andrew Irvine.
O resultado dessa aventura ocorrida há exatos cem anos foi trágica, e até hoje é relembrada sobre como nunca foi fácil dominar essa que é uma das montanhas mais perigosas do mundo. Além disso, ela guarda ainda mistérios que seguem intrigando as pessoas.
Localizada na cordilheira do Himalaia, perto do Nepal, o Monte Everest é a montanha de maior altitude da Terra. Ela começou a ser explorada em 1921. Mas a primeira expedição a se tornar célebre foi a encabeçada por George Herbert Leigh Mallory, um alpinista veterano britânico, em 1924.
Esta expedição, na verdade, é repleta de mistérios até hoje, pois até hoje não se sabe ao certo o que ocorreu lá. Mallory e seu colega Andrew Irvine se expunham a grandes riscos ao entrar nessa aventura. Conforme explica Raymond J. Brown, editor da Popular Science, "ao escalar uma encosta montanhosa vertiginosa, coberta de gelo e neve, possivelmente sob a necessidade de cortar um ponto de apoio a cada passo... (enquanto respira ar) contendo menos da metade do oxigênio que a atmosfera ao nível do mar... o funcionamento normal do corpo é seriamente interferido".
No Monte Everest, segundo Brown, a "zona da morte", em que começa ocorrer a falta de oxigênio, se inicia a cerca de 8 mil metros na montanha. Nessa altitude, a pressão do ar é tão baixa que os seres humanos perdem a capacidade de inalar o oxigênio suficiente. O frio é tão intenso e o ar é tão fino que fica impossível que o corpo retenha o calor.
Em 8 de junho de 1924, George Mallory e Andrew Irvine tentaram atingir o topo do Everest pela face norte. Um dos seus companheiros da expedição, Noel Odell, afirmou na época tê-los visto por volta das 12h50 em uma das principais rotas rumo ao topo. Mas não há provas de que eles chegaram lá, pois eles nunca retornaram ao acampamento.
As pistas começaram a surgir apenas muitos anos depois. Em 1 de maio de 1999, uma expedição americana patrocinada pela BBC encontrou o corpo congelado de George Mallory a 8 mil metros, na face norte do Everest. Entretanto, as câmeras fotográficas que ele e Irvine teriam carregado consigo nunca foram achadas.
As fotos poderiam finalmente revelar o que aconteceu com eles. Especialistas da Kodak afirmaram que, caso as máquinas fossem encontradas, havia uma boa probabilidade de os filmes ainda poderem se revelados. Mas nada foi achado.
Em 1975, um alpinista chinês chamado Wang Hongbao havia declarado ter visto um corpo de um homem morto perto do topo da montanha. Tragicamente, ele morreu em uma avalanche no dia seguinte em que mandou a mensagem, e a localização exata do corpo nunca foi identificada. Mas vários pesquisadores acreditam que o corpo poderia ser de Andrew Irvine.
Além das câmeras e do corpo avistado por Hongbao, há outras pistas sobre como pode ter sido a expedição de Mallory e Irvine. Uma delas veio da filha de George Mallory, que afirma que seu pai carregava consigo uma fotografia da esposa, com o intuito de colocar no topo da montanha quando chegasse lá. Mas esta foto não estava junto ao corpo de Mallory quando ele foi encontrado. Isso sugere que o alpinista pode ter chegado ao topo do Everest e deixado a foto lá.
O segundo indício tem a ver com o fato que os óculos de Mallory estavam no seu bolso, o que sugeria que ele havia morrido à noite. A pista então é que ele e Irvine podem ter feito um esforço para chegar no pico da montanha e estavam descendo ao final do dia.
Ou seja, até hoje, cem anos depois, não se provou o que exatamente teria acontecido com George Mallory e Andrew Irvine na sua missão de alcançar o topo do Everest. Caso se comprove que eles realmente chegaram lá, isso precederia em 29 anos o feito de Edmund Hillary, da Nova Zelândia, e Tenzing Norgay, do Nepal, que se tornaram em 29 de maio de 1953 os primeiros homens a chegar no alto da montanha.
Há algumas polêmicas também entre alpinistas experientes que discordam dessa suspeita de que Mallory e Irvine possam ter chegado no topo, por conta dos equipamentos que tinham, o que daria suporte para apenas 8 horas de oxigênio. Independente do que realmente aconteceu com os exploradores, os dois alpinistas permanecem na história como grandes desbravadores do seu tempo.