Estilo de vida
24/03/2024 às 15:00•2 min de leituraAtualizado em 24/03/2024 às 15:00
Todos os dias, milhões de pessoas ao redor do mundo preparam uma xícara de café pela manhã para conseguirem aguentar o cansaço da rotina. Porém, tal como a maioria das coisas na história, alguma pessoa teve que ser a primeira a pensar em torrar os grãos de café para conseguir obter a cafeína.
E qual a verdadeira história por trás disso? Segundo as lendas mais difundidas, o responsável por uma das maiores invenções das sociedades modernas foi um pastor de cabras etíope do século IX chamado Kaldi. No entanto, essa é uma história ainda mais profunda do que poderíamos imaginar.
Supostamente, Kaldi teria observado suas cabras se comportando de maneira irregular após comerem frutas vermelhas de uma árvore parecida com a Coffea arabica. Então, ele mesmo decidiu experimentar alguns grãos, sendo surpreendido por uma "explosão" de energia. Ele teria ficado tão hiperativo que decidiu levar um lote inteiro para um mosteiro.
Lá, os efeitos estimulantes do café durante longas horas de oração tornaram-se motivo de preocupação. Os líderes religiosos rapidamente passaram a interpretar o café como "obra do diabo" e decidiram atirar os grãos da árvore no fogo para destruí-los. Porém, eles logo foram tomados por um aroma extremamente agradável, o qual os fez dar uma segunda chance para o café.
Assim como era feito com os chás, eles coloraram os grãos torrados de café em água morna, repentinamente criando uma das bebidas mais famosas de todos os tempos. Apesar da lenda, pensa-se que a prática de mastigar grãos de café como algo estimulante já existia há séculos antes da descoberta de Kaldi, o que torna a história ainda mais complexa.
De acordo com historiadores, as pessoas trituravam café para misturá-lo com manteiga e gordura animal para conservar e comer em longas viagens — quase como se fosse um precursor das barras de proteína. Da mesma forma, pensa-se que os povos sudaneses escravizados mastigavam o grão para sobreviverem às difíceis viagens nas rotas comerciais.
Um fato é que a veracidade da história de Kaldi é difícil de determinar, ainda mais que os verdadeiros relatos históricos do consumo de café só foram surgir muito mais tarde. Porém, sabe-se que o cultivo e o comércio dos grãos de café para a confecção da bebida começaram nos países árabes no século XIV e se espalharam pelo Egito, Síria e Turquia.
Em 1616, Pieter van der Broeck teria então contrabandeado um pouco de café no Iêmen e o levou para Amsterdã. Logo em seguida, os holandeses e as suas colônias assumiram o controle do comércio europeu, seguido pelos franceses nas Caraíbas, pelos espanhóis na América Central e pelos portugueses no Brasil. Desde então, o café passou a ser difundido pelo mundo inteiro.
A popularidade da bebida acabou sendo possível devido às suas conotações sociais. Assim como a cerveja e o vinho — que antes também eram consumidas popularmente no café da manhã —, o café estimulava conversas e camaradagem. Dessa forma, uma descoberta por acidente acabou dando origem a uma das bebidas mais influentes de todos os tempos.