Geração Z procura mais informações no TikTok do que no Google

20/06/2024 às 18:004 min de leituraAtualizado em 20/06/2024 às 18:00

Desde que foi fundado em 1998, por Larry Page e Sergey Brin, então estudantes de doutorado na Universidade Stanford, o Google se tornou um fenômeno – e não foi à toa. O motor de busca se expandiu no mesmo ritmo que se popularizou a internet e seus meios de acesso a ela, nos idos anos 2000, devido à precisão e eficácia do algoritmo, além de uma interface limpa e intuitiva.

A adesão dos usuários ao Google nunca diminuiu, apesar de hoje ter se tornado uma cesta com diversos produtos e serviços, incluindo sistemas operacionais, como o Android, e ter uma gama de concorrentes sofisticados e à altura das necessidades dos 4,9 bilhões de usuários ativos de internet. Conforme o Fit Small Business, só em dezembro de 2023, o Google foi visitado 84,2 bilhões de vezes, tornando-se o site mais acessado dos Estados Unidos e em todo o mundo.

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Atualmente, existem 4,9 bilhões de usuários ativos de internet. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Aproximadamente 91,6% de todas as pesquisas globais acontecem no Google, o que fez dele o motor de busca dominante em 2023, com 65 bilhões de páginas indexadas. Entre 2012 e 2022, a receita global anual do Google saltou de US$ 50 bilhões para a casa dos US$ 280 bilhões, um crescimento de quase 458%, em sua maioria de publicidade e aplicativos disponíveis em sua loja.

Ou seja, é inegável dizer que o Google é uma força da natureza no que diz respeito a acessos. No entanto, em uma era em que uma pessoa em média passa 2h27 minutos em redes sociais por dia, com adolescentes e jovens adultos chegando a 5 horas diárias, um novo movimento começou a surgir: a Geração Z prefere o TikTok para se informar do que o Google.

Um reduto de fake news

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TikTok possui mais de 1 bilhão de usuários ativos mensais. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Atualmente, o aplicativo TikTok possui mais de 1 bilhão de usuários ativos mensais, fazendo dele a quarta maior plataforma de mídia social do mundo, atrás apenas do Instagram, que possui 2 bilhões de usuários. Em 2020, a média global de horas por mês de tela de cada usuário foi de 13 horas e 18 minutos, sendo que em 2022 esse número aumentou 76,7%, atingindo 23 horas e 30 minutos por mês, conforme dados da Exploding Topics. Portanto, uma pessoa média passa 3% do mês no TikTok ou 5% do total de horas acordadas. Isso é muito.

Mais de 60% dos usuários do TikTok são da geração Z, os nascidos após 1996, conhecidos por ser uma das gerações mais diversas, que possui altos níveis de educação, nativismo digital, consciência social e cultural e uma alta propensão a ser mais expressiva – o que faz muito sentido sua adesão ao TikTok. A geração Z está fazendo com a rede social o que os millennials fizeram com o Facebook e Instagram, e isso faz parte do curso natural das coisas.

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TikTok se tornou uma das maiores fontes de disseminação de fake news. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

O único problema é que esses jovens usam o TikTok como um novo motor de busca, sendo que especialistas já investigaram que a plataforma é o local onde mais se espalham fake news. Estamos em um momento em que as pessoas se veem cada vez mais necessitadas de ter sua opinião validada ou defendida, portanto, é muito fácil que a realidade, sátira e o engano absoluto se misturem e criem narrativas consistentemente falsas ou confusas nesse tipo de rede social.

Vimos um exemplo disso recentemente, quando o TikTok formou um campo de batalha sobre o que de fato está acontecendo no conflito histórico entre Israel e a Palestina. Cada vez mais as pessoas tiram informações sobre a guerra de conteúdos virais em vez de por meio de mídia tradicional ou conteúdo acadêmico presentes em motores de busca, como o Google.

O problema do TikTok

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Cerca de 40% dos usuários utilizam o TikTok como fonte de informações e notícias. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

A pesquisa feita pelo eMarketer mostrou que 40% dos usuários do TikTok o utilizam para obter informação, dos quais 64% são da Geração Z e 49% dos millennials. Quanto a isso, Prabhakar Raghavan, vice-presidente sênior do Google, confirmou na conferência Fortune Brainstorm Tech que o formato do TikTok está mudando a maneira como os jovens procuram por informações. Ao Business Insider, ele destacou que estão trabalhando em seu mecanismo de busca para atrair esse público, inserindo recursos cada vez mais autênticos, como a capacidade de um usuário mover sua câmera sobre uma área e obter insights instantâneos do local.

Enquanto isso, o TikTok se esforça para tentar coibir a proliferação de fake news, como disse Ben Rathe, porta-voz da plataforma, em uma matéria do The New York Times. “O TikTok é um lugar para conteúdo autêntico e divertido, e é por isso que proibimos e removemos desinformação prejudicial, incluindo mídia sintética ou manipulada, projetada para enganar nossa comunidade”, observou ele.

No entanto, em 2022, pesquisadores do SumOfUs, um grupo de defesa da responsabilidade corporativa, testaram o algoritmo do TikTok criando uma conta e pesquisando e assistindo vários vídeos que semeavam dúvidas sobre o sistema eleitoral estadunidense. Em uma hora, o algoritmo deixou de servir conteúdo neutro para impulsionar apenas vídeos recheados de desinformação, conteúdo polarizador, extremismo de extrema-direita, teorias da conspiração QAnon e narrativas falsas sobre a pandemia da Covid-19.

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Google foi adicionando filtros e mecanismos de segurança de busca ao longo dos anos. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Em comunicado, o TikTok alegou que removeu o conteúdo citado pela pesquisa e que atualizaria seu sistema para capturar os termos de busca usados para encontrar aquele tipo de vídeo. Ainda assim, eles continuam lá. Para os especialistas, porém, esse é apenas o começo de toda a questão de pessoas usando o TikTok para se informar. A exposição prolongada à mídia manipulada não só intensifica a polarização, como reduz a capacidade de disposição dos espectadores de distinguir a verdade da ficção, no final das contas.

“Vestígios dessas reações emocionais rápidas ficam em nossos cérebros e se acumulam. É aterrorizante”, disse Halsey Burgund, tecnóloga criativa residente no M.I.T. Open Documentary Lab, ao The New York Times.

O TikTok não foi projetado para ser um canal para fontes de informação, não detendo os filtros necessários para isso, mas para fornecer sugestões de pesquisa em vídeos ou ajudar a espalhar pesquisas populares. 

Até mesmo o Google, construído para ser um mecanismo de busca, acaba fazendo algumas sugestões estranhas ao tentar direcionar os usuários para sites onde possam verificar as informações sugeridas, adicionou filtros e mecanismos de segurança de busca ao longo dos anos. Então não é como se uma rede social voltada apenas em sugerir conteúdo o mais rápido o possível, fosse atualizar suas diretrizes da noite para o dia, ainda mais quando isso significa prejudicar sua popularidade e adesão aos usuários.

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