Ciência
03/11/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 03/11/2024 às 06:00
Em um dia de 1969, o cartunista do San Francisco Chronicle, Robert Graysmith, então com 27 anos, exibia uma charge do presidente Richard Nixon para o editor do jornal, quando chegou a primeira carta do chamado assassino do Zodíaco. Na mensagem escrita com cifras complexas, ele ameaçava cometer um assassinato, caso sua carta não fosse publicada na primeira página.
Em seu best-seller Zodíaco, de 1986, Graysmith conta o que sentiu naquele momento, que mudaria sua vida para sempre. “Raiva pela frieza, arrogância e insanidade do assassino... Irremediavelmente viciado, imediatamente obcecado, eu queria resolver o que sentia que se tornaria um dos grandes mistérios”.
Ao contrário do repórter policial Paul Avery, responsável pela cobertura do caso, Graysmith criou sua própria investigação de forma obsessiva, sem saber que notoriedade era tudo o que o sociopata mais queria. Embora tenha vendido quatro milhões de cópias de seu livro, o ex-cartunista comprometeu seu casamento e seu relacionamento com os filhos em sua busca sem fim.
Estudando anos a fio o modus operandi do assassino, Graysmith decifrou os símbolos e cifras, os padrões dos assassinatos e a origem do círculo com o símbolo cruzado e traje de carrasco. Com isso, chegou ao seu principal suspeito, Arthur Leigh Allen.
Ele já havia sido investigado pela polícia, depois que um amigo dele contou seus planos de escrever um livro de ficção, no qual um assassino chamado Zodíaco mataria casais e enviaria cartas à polícia.
Alguns pontos ligavam Allen aos crimes:
As investigações sobre Arthur Leigh Allen não deram em nada, pois nem sua caligrafia e nem suas impressões digitais batiam com as evidências, e não havia nenhuma prova concreta que o ligasse às cenas dos crimes.
Outros suspeitos surgiram ao longo dos anos, como um veterano da Força Aérea chamado Gary Francis Poste, denunciado por um grupo de ex-policiais intitulado The Case Breakers.
Outros pesquisadores do caso, como Michael Kelleher, criticam a abordagem de Graysmith, dizendo que ele "foi longe demais para fazer a solução funcionar", ou seja, tentar ajustar as evidências para se adequarem às suas teorias.
Arthur Leigh Allen morreu de um ataque cardíaco em agosto de 1992, na Califórnia. Ele é o personagem principal de uma série recente da Netflix — Aqui Quem Fala é o Zodíaco — lançada em 23 de outubro.