Ciência
06/11/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 06/11/2024 às 18:00
Recentemente, um barco de pesca russo resgatou o sobrevivente de uma viagem inacreditável. Mikhail Pichugin, de 46 anos, estava à deriva por 67 dias, nas águas geladas do Mar de Okhotsk, no extremos oriente da Rússia. Ele havia partido da região de Khabarovsk, a cerca de mil quilômetros dali, junto com o irmão Sergey, de 49 anos, e o sobrinho Ilya, de 15 anos, em uma jangada inflável.
Os três navegavam em direção à ilha de Sakhalin, a maior do país, para observar baleias, explicou Pichugin em uma entrevista à imprensa, da sua cama de hospital. Ele disse que, embora a distância fosse curta, o motor da embarcação parou enquanto eles atravessavam, no dia 9 de agosto.
Assim que as famílias registraram o desaparecimento, uma grande operação de busca e resgate foi montada, com o uso de aviões e helicópteros. No entanto, os dias se passavam sem qualquer sinal dos três ocupantes do bote de borracha no mar de Okhotsk.
Ainda não se sabe exatamente como Pichugin conseguiu sobreviver por tanto tempo, principalmente no meio do oceano gelado. Falando a repórteres, sua esposa afirmou que esse “milagre” pode estar relacionado com seu peso: ele pesava cerca de 100 quilos quando partiu para sua trágica aventura, mas registrou a metade disso no dia em que foi resgatado.
"Tínhamos um saco de dormir com lã de camelo, mas estava molhado e não secava", afirmou o navegante solitário à TV estatal russa. Ele disse que, para conseguir se aquecer, os três entravam debaixo da bolsa protetora e a sacudiam. Para se alimentar, tinham um estoque de macarrão e ervilhas suficiente para duas semanas apenas.
Em setembro, conta Pichugin, o jovem Ilya morreu de hipotermia e fome, e os dois irmãos sobreviventes passaram mais três semanas juntos no barco até que, ao tentar lavar suas escaras, Sergey caiu na água gelada. Mas, mesmo resgatado por Mikhail, não resistiu e morreu logo depois.
Russian man rescued after 67 days adrift at sea describes how he battled to survive https://t.co/WfdCxIYMen
— Guardian US (@GuardianUS) October 16, 2024
Em uma tentativa desesperada para chamar a atenção de qualquer embarcação ou aeronave que passasse por perto, Mikhail Pichugin decidiu amarrar os corpos do irmão e do sobrinho ao barco, e pendurou suas jaquetas nas laterais.
Depois de resgatado milagrosamente, à noite, pelo barco pesqueiro "Anjo", Pichugin chegou ao hospital muito fraco, em estado de choque e provavelmente com hipotermia. Com uma condição mais estável, ele falou à imprensa que sobreviveu "com a ajuda de Deus". E concluiu: "Eu simplesmente não tinha outra escolha. Tinha minha mãe e minha filha em casa".
No entanto, mesmo tendo passado por todos esses apertos e sofrimentos, o cidadão corre o risco de ser punido pelas rigorosas leis de segurança marítima da Rússia, podendo pegar até sete anos de cadeia.