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24/08/2017 às 12:28•3 min de leitura
Todo mundo já ouviu a respeito da vasectomia, certo? Esse é o nome do procedimento cirúrgico durante o qual os dutos deferentes — os canais que conduzem os espermatozoides dos testículos (onde eles são produzidos) até a próstata (onde eles são misturados ao líquido seminal) — são interrompidos para prevenir que o sêmen contenha espermatozoides e, consequentemente, em casos de relações heterossexuais, a fecundação do óvulo não seja possível e a gravidez indesejada, seja evitada.
Esse procedimento é bastante simples, costuma durar entre 20 e 30 minutos e geralmente é realizado em clínicas especializadas ou consultórios médicos sob a ação de anestesia local. Hoje em dia, as vasectomias envolvem a realização de duas incisões (bem) pequeninas no escroto ou "furinhos" através das quais o médico — quase sempre um urologista — corta, sela ou "grampeia" os canais deferentes.
Após a cirurgia, o escroto pode ficar amortecido por 1 ou 2 horas, o local das incisões podem apresentar um pouco de inchaço, e o paciente pode sentir algo de dor e desconforto. Por essa razão, é recomendado repouso por um ou dois dias, a aplicação de compressas frias na área afetada, o uso de roupas de baixo confortáveis e soltinhas e o emprego de analgésicos. Além disso, a atividade sexual pode ser retomada assim que o vasectomizado se sentir confortável para isso.
Não pense que estamos tentando minimizar a complexidade do procedimento! A vasectomia realmente é uma cirurgia simples e segura e um método contraceptivo com quase 100% de eficácia. Entretanto, existem vários mitos relacionados a ela — e a seguir você poderá esclarecer uma série de dúvidas comuns. Confira:
Embora a testosterona seja liberada na corrente sanguínea dos homens principalmente pelos testículos, ela não é transportada pelos canais deferentes — que são as estruturas afetadas durante a vasectomia. Isso significa que o procedimento não tem qualquer relação nem interfere com a produção ou secreção desse hormônio no organismo.
Conforme mencionamos no começo da matéria, o fluido contendo os espermatozoides é produzido nos testículos e levado até a próstata, onde é misturado ao líquido seminal. No entanto, apenas 1% do volume do sêmen ejaculado contém espermatozoides.
O líquido seminal é produzido na próstata e nas vesículas seminais, e essas estruturas não são tocadas durante a vasectomia. Além disso, as contrações musculares que expulsam o fluido durante a ejaculação são produzidas na pelve, e essa área tampouco é afetada pela cirurgia. Portanto, se o homem era capaz de ejacular antes de passar pelo procedimento, ele poderá ejacular depois de se recuperar também.
O procedimento apenas impede que os espermatozoides cheguem até a próstata, não a sua produção. Eles continuam sendo produzidos normalmente depois da vasectomia, com a diferença que eles ficam lá, nos testículos, até morrer. Mas, não se preocupe com isso, não, nem fique com dó dos pobrezinhos!
Os espermatozoides costumam sobreviver de três a cinco dias após serem produzidos e, se eles não são ejaculados — de uma maneira ou de outra —, eles acabam morrendo, sendo reabsorvidos pelo organismo e substituídos por uma nova leva de milhões e milhões de coleguinhas novinhos em folha. Esse é ciclo normal de vida dessas células, e ele vai continuar acontecendo normalmente apesar da vasectomia.
Aliás, é por conta disso que o procedimento é reversível. Isso mesmo, caso um homem que tenha passado por uma vasectomia deseje ser pai, ele pode passar por uma cirurgia para reconectar os canais deferentes. O sucesso da operação depende do tipo de técnica utilizado para interromper os dutos e de quanto tempo se passou desde que isso foi realizado, mas os índices de êxito na reversão costumam ser altos.
Não. O procedimento não afeta o desejo, a habilidade de ter ereções nem o prazer sexual, uma vez que, apesar de os dutos deferentes serem interrompidos, nenhuma outra estrutura do sistema reprodutor masculino é afetada.
Na realidade, muitos vasectomizados inclusive relatam se sentir mais felizes com suas parceiras após a cirurgia, provavelmente devido ao fato de eliminarem a preocupação com uma possível gravidez indesejada e o conflito sobre quais métodos anticoncepcionais usar.
Esse papo surgiu há cerca de 15 anos, depois da publicação de um estudo que sugeria uma relação entre homens que haviam passado pela vasectomia e uma maior incidência de câncer de próstata na velhice. Entretanto, várias pesquisas realizadas posteriormente não conseguiram encontrar a mesma relação, e os especialistas suspeitam que a ligação entre a doença e a cirurgia se deve ao simples fato de os vasectomizados passarem por exames médicos com mais frequência.
O procedimento é eficaz sim, mas não imediatamente. O vasectomizado pode conter espermatozoides viáveis em seu organismo mesmo após várias semanas depois do procedimento. Portanto, para evitar “acidentes”, é necessário que o casal escolha um método anticoncepcional temporário para prevenir a gravidez indesejada — até que as análises confirmem a ausência de espermatozoides móbeis no sêmen.
De jeito nenhum! Enquanto a vasectomia é pouco invasiva, pode ser realizada (inclusive) em consultório sob anestésico local e (tipicamente) não requer internação, as mulheres que se submetem à laqueadura das trompas — procedimento no qual os tubos que levam os óvulos ao útero são interrompidos — precisam ser internadas, de anestesia geral e passar por um processo bem mais invasivo e com índices de complicações bem mais alto.
Um lembrete importante: embora a vasectomia seja eficaz na prevenção da gravidez indesejada, ela não evita a infecção de doenças sexualmente transmissíveis e, sendo assim, não dispensa o uso de preservativos.