Esportes
27/09/2017 às 12:06•2 min de leitura
Você já ouviu falar sobre uma condição chamada encefalopatia traumática crônica? Se você é fã de esportes de contato, como o futebol americano, o boxe e o rugby, é bem provável que você conheça — mesmo que brevemente — esse que se caracteriza por um problema neurodegenerativo que é provocado por lesões traumáticas repetitivas no cérebro, algo comum entre os esportistas que praticam as modalidades que mencionamos e que recebem pancadas na cabeça com frequência.
O problema com a encefalopatia é que, apesar de os especialistas conhecerem os principais sintomas e como a evolução acontece, de momento, o diagnóstico só pode ser feito após a morte da pessoa afetada — e isso se o corpo passar por uma necropsia e o cérebro for devidamente examinado. Segundo Dan Robitzski, do site Live Science, é só então que os especialistas podem medir o tipo e gravidade de lesões que as células cerebrais sofreram e confirmar a presença da condição.
(Pixabay/StockSnap)
No entanto, é possível estabelecer um diagnóstico provisório a partir da realização de alguns tipos de exames cerebrais — para descartar outras condições — e da identificação de alguns sinais da doença. Os sintomas apresentados pelas pessoas que sofrem de encefalopatia traumática crônica e a severidade de suas manifestações dependem das áreas cerebrais afetadas, mas eles incluem uma variedade de problemas cognitivos, emocionais e físicos.
É bastante comum que os indivíduos com a condição sofram com perda de memória, depressão, agressividade, impulsividade, comportamento suicida, dificuldade de equilíbrio, perda de audição, dores de cabeça, alterações oculares, problemas para engolir e a diminuição progressiva dos movimentos musculares, entre outras coisas. Além disso, a deterioração do quadro costuma acontecer em etapas.
A primeira das fases da doença se caracteriza por dores de cabeça, falta de atenção, dificuldade de concentração e perda da memória de curto prazo, e alguns afetados também podem apresentar comportamento explosivo, depressão e agressividade. Na segunda etapa, alguns dos sintomas anteriores se tornam mais frequentes e intensos, e é aqui que geralmente surgem as dores de cabeça, os pensamentos suicidas, a impulsividade, as variações de humor e algumas dificuldades de fala.
(Pixabay/Simona Robová)
Durante a terceira fase da encefalopatia, além do deterioro dos sintomas, os afetados passam a apresentar declínio cognitivo, que é caracterizado por questões como dificuldade de raciocínio e na solução de problemas, por exemplo, assim como complicações visuais e na percepção espacial.
O quarto e último estágio da doença é marcado pela piora de todos os sintomas — especialmente os problemas cognitivos e os relacionados com a perda de memória —, além de dificuldades de locomoção e comunicação, profunda falta de atenção e concentração, paranoia, confusão mental e demência. Infelizmente, não existe cura para a condição e ela é irreversível.
Como você viu pelos sintomas que descrevemos e até pela forma como a condição progride, é muito comum que ela seja confundida com outros problemas degenerativos, como o é o caso do Parkinson e do Alzheimer. Outra coisa importante sobre a encefalopatia traumática crônica é que, apesar de os especialistas acreditarem que ela é provocada por pancadas frequentes na cabeça, ela é diferente da concussão.
A concussão é um tipo de lesão cerebral que ocorre após pancadas na cabeça nas quais o cérebro “bate” contra o crânio, resultando em danos que são reversíveis. Já a encefalopatia traumática crônica, em vez de ser provocada por um único episódio, se desenvolve depois de muitos golpes na cabeça e se caracteriza por ser uma doença degenerativa, isto é, que piora com a passagem do tempo.