Saúde/bem-estar
08/09/2019 às 08:00•2 min de leitura
O nome Klebsiella pneumoniae não é reconhecida pela maioria das pessoas, mas é essa bactéria a responsável por uma série de infecções, entre elas a de fígado, vias respiratórias e corrente sanguínea. Além disso, ela pode ser muito resistente a antibióticos, se tornando uma superbactéria que pode levar à morte. Porém, cientistas produziram e testaram uma vacina protótipo que pode oferecer uma maneira de proteger as pessoas de uma infecção letal e muito difícil tanto de tratar como de prevenir.
O estudo realizado para desenvolver a vacina foi publicado nos Anais da Academia Nacional de Ciências amaricana e, de acordo com David A. Rosen, professor assistente de pediatria e microbiologia molecular da Universidade de Washington, em St. Louis, e coautor do estudo, a Klebsiella foi durante muito tempo um problema mais comum no ambiente hospitalar e, por essa restrição, o impacto não foi tão grande, apesar de ela sempre ter resistido às drogas utilizadas em seu tratamento.
“Agora estamos vendo Klebsiellas virulentas o suficiente para causar morte ou doença grave em pessoas saudáveis na sociedade. E nos últimos cinco anos, os casos realmente resistentes e os realmente virulentos começaram a se fundir, então começamos a ver cepas hipervirulentas e resistentes a medicamentos. E isso é muito assustador”, explica.
A “mutação” foi detectada em diversos países causando milhares de infecção na China, Taiwan e Coréia do Sul. Cerca de metade das pessoas infectadas com Klebsiella hipervirulenta, que é resistente a medicamentos, acaba morrendo e, dois tipos, o K1 e o K2, são responsáveis por 70% dos casos identificados.
As vacinas preventivas já se mostraram muito eficazes e, por isso, os pesquisadores decidiram estudar e desenvolver uma capaz de auxiliar a combater a superbactéria. Eles projetaram uma vacina de glicoconjugado, composta pelos açúcares que também revestem a bactéria, ligados a uma proteína que potencializa a eficácia da vacina. Uma cepa inofensiva de E.coli foi modificada geneticamente, tornando-se capaz de produzir a proteína e os açúcares necessários para a vacina. Outra enzima bacteriana foi utilizada para ligar as proteínas e os açúcares.
Foto: David Dorward/NIAID
O teste foi realizado em grupos de 20 ratos que receberam três doses da vacina ou um placebo em intervalos de duas semanas. Em seguida, eles foram expostos a 50 bactérias K1 e K2. O resultado: 80% dos ratos que receberam o placebo e foram infectados por K1 e 30% dos infectados por K2 morreram. Já no grupo de ratos vacinados, 80% dos infectados com K1 sobreviveram e todos os infectados com K2 continuaram vivos.
Mario Feldman, professor associado de microbiologia molecular e primeiro autor do estudo afirma que o grupo está trabalhando para aumentar a produção e melhorar os protocolos para poder realizar estudos clínicos em breve. “Estamos muito felizes com a eficácia dessa vacina”, ressalta.