Estilo de vida
16/09/2021 às 12:00•3 min de leitura
A saúde pessoal é uma preocupação intrínseca ao ser humano. Para assegurar o nosso bem-estar e de nossos entes queridos, estamos sempre na busca por medidas que tragam segurança para casos de acidente.
Em geral, os planos de saúde costumam cobrir uma diversidade de atendimentos médico-hospitalares para o maior conforto de seus clientes, porém exigindo uma quantia monetária considerável.
Então, até que ponto vale a pena investir em um plano de saúde? Ou ainda: se eu sou médico, realmente é benéfico para mim trabalhar com convênios? Por ser um tema complexo e que atinge a vida de milhões de brasileiros, precisamos destrinchar tudo que ocorre nos bastidores desse sistema para sabermos o quanto ele realmente pode ser benéfico ou não.
(Fonte: Pixabay)
De maneira resumida, os planos de saúde servem para atender as necessidades da população por atendimento médico, hospitalar e laboratorial. No Brasil, cerca de 47,4 milhões de pessoas fazem parte de um convênio — o que representa aproximadamente um quarto da população brasileira.
Na teoria, o Sistema Único de Saúde (SUS) deveria fornecer assistência médica universal à população, visto que o Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que teve um sistema de saúde criado constitucionalmente. Entretanto, seja por problemas de estrutura ou por deficiência orçamentária, esse atendimento médico pode não cobrir algumas áreas ou atendê-las precariamente.
Isso pode fazer que um paciente permaneça até 1 ano na lista de espera para realizar um procedimento cirúrgico. Essa má gestão de recursos abriu espaço para que um mercado de saúde suplementar fosse criado, organizado por empresas privadas de Medicina, cooperativas médicas e seguradoras.
Por meio da contratação de um plano de saúde, o paciente assegura vaga em instituições privadas para receber atendimento profissional, onde poderá receber uma consulta mais elaborada e se certificar de que está sendo bem atendido.
(Fonte: Agência Brasil)
De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) em 2015, 74% dos brasileiros que não têm plano de saúde gostariam de ter um. Mas isso significa que essa é a única alternativa para quem precisa de atendimento médico? Isso está longe de ser uma verdade.
Com o aumento da crise econômica no país, alta no desemprego e os aumentos sucessivos no preço dos produtos nas prateleiras dos mercados, muitas pessoas têm sido obrigadas a abrir mão de seus convênios. Em 2019, por exemplo, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou que cerca de 60,4 mil brasileiros saíram de seus planos de saúde.
Apesar de a disponibilidade de médicos ser três vezes maior no setor privado do que no setor público, essa é uma alternativa que as pessoas vêm precisando tomar. O SUS, entretanto, é somente uma das portas que os brasileiros têm para receberem cuidados de saúde.
O aumento de startups no país também tem beneficiado o surgimento de empreendimentos como as clínicas populares, que, por sua vez, oferecem consultas e exames médicos com preços mais acessíveis para as pessoas que não têm plano. Atualmente, algumas empresas também têm cartões de desconto em saúde para que os clientes possam receber uma redução nos custos com atendimento médico.
(Fonte: Pixabay)
Segundo os dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), existem 347 mil médicos em atividade no Brasil. Destes, 160 mil atendem aos planos de saúde e convênios. Essa parcela de profissionais é responsável por boa parte dos atendimentos médico-hospitalares no país, tendo realizado mais de 1,5 bilhão de procedimentos em 2018.
Mas se o preço dos planos de saúde tem-se tornado mais "salgado" para a população média, será que eles também são benéficos para os médicos? Em geral, esse é um tema que gera bastante polêmica nos bastidores da Medicina. De acordo com a Classificação Brasileira de Hierarquização de Procedimentos Médicos (CBHPM), existem convênios que pagam desde R$ 12 até R$ 72 por consulta.
Devido à baixa remuneração, à sobrecarga de atendimentos e, por vezes, ao atraso no repasse de valores pelas operadoras, muitos profissionais de saúde têm desistido de trabalhar com convênios por simplesmente considerarem não valer a pena. Para um profissional que se dedicou 6 anos em uma formação universitária ganhar R$ 30 em uma consulta não parece o suficiente.
Em determinado ponto, profissionais que estão entrando no mercado e precisam arrecadar um maior número de clientes podem se beneficiar em trabalhar com os planos de saúde — sobretudo pela exposição da marca. Porém, médicos que já estão estabelecidos no mercado podem acabar sofrendo com o pagamento, agendas superlotadas e perda da autonomia por lidarem com mais burocracia.