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Ciência
24/10/2021 às 11:00•3 min de leitura
Novos casos da síndrome de Havana foram relatados por funcionários da Embaixada dos Estados Unidos (EUA) em Bogotá, capital da Colômbia, conforme anunciado pela imprensa norte-americana na terça-feira (12). A misteriosa doença, entretanto, foi anunciada pela 1ª vez em 2016.
Naquela época, diplomatas dos EUA que estavam na capital de Cuba — por isso o nome — descreveram sentir alguns sintomas, como dor de ouvido, tontura e sensação de pressão na cabeça. Até hoje nenhum estudo conseguiu comprovar a causa do quadro de saúde, mas existe uma suspeita de que esse mal tenha sido gerado pela radiação direta do micro-ondas.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Os casos da síndrome de Havana na Colômbia ocorreram dias antes do secretário de Estado, Antony Blinken, chegar ao país para visitar a embaixada. Conforme relatado, mais de 1 dúzia de funcionários do governo apresentaram sintomas semelhantes aos que aconteceram em Havana no ano de 2016.
Os principais sintomas foram: vertigens súbitas, náuseas, falta de concentração, dores de cabeça e no pescoço. Conforme divulgado pelo Departamento de Estado à CNN, algumas pessoas tiveram que ser retiradas do país, incluindo uma família com um menor de idade.
A maioria das pessoas afetadas eram funcionários da CIA e descreveram ter escutado um som intenso e doloroso nos ouvidos. Recentemente, o presidente colombiano, Iván Duque, afirmou ao The New York Times que o seu país investiga a situação e tem deixado os EUA coordenar o inquérito.
Em agosto deste ano, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, já havia cancelado uma viagem ao Vietnã depois de dois funcionários norte-americanos adoecerem — até hoje não foi confirmado se esses casos eram a síndrome de Havana. Em busca por respostas, o presidente Joe Biden assinou um decreto para fornecer compensação financeira aos indivíduos afetados pela doença.
(Fonte: Pixabay)
Embora não existam muitas informações a respeito da síndrome de Havana, é de senso comum que esse é um problema de saúde que vem atingindo diplomatas norte-americanos. Apesar de nenhum comentário público ter sido feito a respeito do tema, os serviços de inteligência dos Estados Unidos suspeitam que a inteligência militar russa pode estar por trás do tema.
Conforme o que foi relatado pela primeira vez em Cuba, os principais sintomas para a síndrome de Havana são:
Citando a Academia Americana de Ciências, uma reportagem feita pela BBC indica que a explicação mais plausível para a síndrome é que os pacientes desenvolvam os sintomas depois de receberem "energia de radiofrequência direta e pulsada", ou seja, é possível que essa radiação seja proveniente dos micro-ondas.
Porém, ainda existe um desconhecimento sobre o que ou quem poderia estar causando esse tipo de radiação — a qual poderia ser emitida de maneira internacional. Um estudo encomendado pelo governo estadunidense indica que a União Soviética já pesquisava o assunto há anos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A primeira vez que noticiaram a síndrome de Havana foi entre 2016 e 2017, quando vários funcionários da embaixada norte-americana em Cuba passaram a apresentar os mesmos sintomas e sinais clínicos. Desde então, foram diversas outras situações parecidas sendo noticiadas pelo governo dos EUA em outras partes do mundo.
Essa situação fez que a embaixada fosse totalmente fechada, somente 2 anos depois de a administração de Barack Obama ter feito uma tentativa de reaproximação com o governo de Raúl Castro. Nesse período, existia uma recomendação das autoridades americanas para que seus cidadãos não viajassem para o país no Caribe.
Desde que mais casos da síndrome de Havana foram descobertos nos últimos meses, o governo de Biden parece ter mudado a postura sobre o tema. Agora, o Departamento de Estado assumiu a tarefa de alertar as autoridades americanas sobre os casos, mas não está divulgando publicamente informações como o número de pessoas afetadas e a localização dos incidentes.
Isso era uma prática comum em coletivas de imprensa anteriores, como aconteceu em Cuba e também na China. De modo geral, isso pode ser visto como uma maneira dos estadunidenses protegerem informações e tentarem se prevenir de um potencial inimigo.
(Fonte: Unsplash)
Até onde se sabe, a síndrome de Havana pode muito bem ser um "ataque internacional" como também poderia ser apenas uma doença psicossomática — o que não invalidaria os sintomas sentidos pelas autoridades. Mas o que isso significa? Em geral, uma parcela da comunidade médica acredita que os sintomas possam estar surgindo de um estresse intenso ou crime emocional muito forte.
Os dados disponíveis sobre a síndrome de Havana correspondem de perto à doença psicogênica em massa — mais comumente conhecida como histeria em massa. Nessas situações, o tratamento psicológico poderia ajudar a aliviar os sintomas e tratar o quadro de saúde.
Mesmo assim, as autoridades norte-americanas prometem continuar na busca por responsáveis e por seguir em uma investigação detalhada para obter a resposta correta à situação.