Do que é feita a 'carne sem carne'? Ela é saudável mesmo?

01/01/2022 às 12:002 min de leitura

Há alguns anos, quem experimentasse um hambúrguer vegetariano e não estivesse acostumado a esse tipo de alimento, provavelmente o acharia sem gosto e emborrachado. Mas as coisas mudam e as “carnes sem carne”, ou “carne do futuro”, chegaram ao mercado visando imitar a carne animal em gosto, aparência e até na textura. 

Algumas opções até sangram e chiam como um verdadeiro hambúrguer na chapa. Mas será mesmo que esses alimentos cumprem tudo aquilo que prometem? Será que fazem bem para a saúde e ajudam a natureza?

Como é feita a carne sem carne

A carne vegetariana tradicional, geralmente, é feita a base de proteínas densas como feijão e soja, mas não tentam imitar a textura e o sabor da carne animal. Já as carnes do futuro foram desenvolvidas para pessoas que querem ou preferem uma alternativa que tenha o gosto parecido à verdadeira.  

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Resumidamente, elas são feitas de combinações variadas e complexas de aromas, para que seja possível imitar qualquer sabor, seja de carne bovina, suína, frango e até salsicha. Algumas utilizam óleos refinados que lembram a gordura animal e substâncias específicas que fazem a carne ter “sangue”.

Pontos positivos:

  • é um alimento possivelmente mais sustentável para o meio ambiente;
  • não requer a morte de nenhum animal;
  • devido à popularização, pode ser encontrada com facilidade por pessoas que pretendem ter uma alimentação vegana ou vegetariana;
  • tem mais fibras e poucas gorduras;
  • supostamente pode ajudar a prevenir doenças — a carne vermelha já foi associada a uma série de doenças cardíacas e até câncer do cólon. Porém, ainda faltam estudos que comprovem que a “carne falsa” ajude na prevenção de alguma condição diretamente.

Pontos negativos: 

  • por ser um alimento altamente processado e ainda recente, as implicações negativas à saúde são desconhecidas;
  • a lista de ingredientes não é pequena. Além disso, variam muito entre uma fabricante e outra. Portanto, quem quiser saber o que está ingerindo terá um bom trabalho pela frente analisando os rótulos;
  • não é para todo mundo. Por exemplo, um hambúrguer feito à base de glúten de trigo não é bom para quem tem doença celíaca. Já quem pretende manter fora da cozinha alimentos geneticamente modificados vai encontrar problemas com as fabricantes que utilizam a soja;
  • são usados diversos tipos de corantes, compostos e óleos, como o de canola ou de coco, algo chato para quem quer evitar alimentos refinados.

Segundo o artigo Is plant-based meat healthy?, da nutricionista Louisa Richards, do ponto de vista nutricional, as opções de carnes de planta disponíveis no mercado não são ruins, mas também não são exatamente saudáveis. Até onde se sabe, essas opções não oferecem grandes diferenças em comparação com a carne animal para a saúde humana.

E o meio ambiente?

Em 2018, um estudo conduzido pela Universidade de Michigan, que considerou uma das principais fabricantes na época, descobriu que produzir um hambúrguer de carne de proteína vegetal consome 99% menos água, 50% menos energia e gera 90% menos de emissão de gases do efeito estufa em comparação com um hambúrguer de origem animal.

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Já os críticos observam que até na questão ambiental é preciso ter cautela, especialmente porque a maioria das fabricantes não informa o total de gases de todas as suas operações, os resíduos gerados pelo consumidor e impactos negativos da cadeia de suprimentos. 

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