Artes/cultura
02/01/2022 às 13:00•2 min de leitura
A prática regular de exercícios físicos promove diversos benefícios para o corpo e a mente — como já estamos "carecas" de saber. O que muitas pessoas talvez não saibam é que a atividade física é um dos únicos aspectos realmente efetivos para aumentar o desempenho do cérebro.
Fazer exercícios em grupo pode ser ainda mais eficaz, nesse sentido, já que envolve mais uma atividade ótima para o cérebro: o convívio social. Está tudo ligado: os seres humanos evoluíram para animais sociais, usando o cérebro no desenvolvimento de atividades coletivas. Desse modo, nossos antepassados buscavam novos locais para viver e caçar em grupo — sendo assim que se movimentavam.
De acordo com teorias da biologia evolutiva, isso protege o cérebro de efeitos da idade, como a demência, e permite que as pessoas fiquem mais saudáveis e lúcidas, pois ajudam umas às outras, em grupo.
(Fonte: Mel Wood/Shutterstock)
Isso não quer dizer que, necessariamente, você precise se matricular em uma aula de spinning em grupo ou só ir para a academia acompanhado. O negócio é fazer qualquer tipo de esforço físico somado à interação social — como quando os humanos caçavam juntos. Portanto, uma partida de futebol com os amigos, uma caminhada pelo shopping para fazer compras ou uma brincadeira mais agitada com as crianças pode ser o suficiente para obter os efeitos positivos.
Segundo o biólogo evolucionista Daniel Lieberman, da Universidade de Harvard, isso está relacionado a um conceito chamado "hipótese da avó". Essa teoria diz que o exercício físico melhora a saúde do cérebro a longo prazo, para que os humanos continuem podendo cuidar uns dos outros, mesmo com a idade avançada.
Afinal, nós estamos entre os únicos animais que sobrevivem muito além de sua idade reprodutiva. Isso porque, além passar nossos genes para nossos filhos, preocupamo-nos em cuidar dos filhos deles para garantir ainda mais a sobrevivência da espécie. A saúde cerebral conquistada com atividade física na juventude permite uma velhice ainda ativa.
(Fonte: Freepik)
Na musculação, as partes do corpo "crescem" porque a fibra do músculo se fere e o processo de recuperação o faz ganhar volume. Um processo semelhante acontece com o cérebro: atividades físicas rompem os músculos e liberam moléculas oxidantes prejudiciais; porém, a resposta do organismo é desproporcional, liberando muito mais antioxidantes e deixando o cérebro ainda melhor.
Além disso, os exercícios físicos aumentam o volume de sangue no cérebro, fazendo que as moléculas se movimentem melhor e também aumentando o índice de oxigênio — essencial para o metabolismo da glicose, fonte de energia preferida desse órgão. A glicose baixa no cérebro é um dos principais indicadores de doenças como o Alzheimer.
(Fonte: Shutterstock)
Em um estudo de 2017, idosos que fizeram atividade moderada por uma semana aumentaram os níveis de glicose no cérebro. Outra pesquisa, de 2019, observou que pessoas que praticam exercícios diários performam melhor em testes de cognição. Por fim, alguns artigos de revisão — com dados de milhares de pessoas — atestaram a relação entre prática de atividades físicas e o desempenho cerebral.
A cientista americana Emily Willingham revisou diversos estudos e artigos para escrever seu livro The Tailored Brain (O Cérebro sob Medida). Na obra, ela discorre sobre os remédios usados para tratar condições do cérebro ou tentar turbinar seu desempenho.
A conclusão é bastante clara: o mercado de "suplementos para o cérebro", que movimenta 7 bilhões de dólares em todo o mundo, não tem qualquer eficácia comprovada. A melhor forma de melhorar o desempenho mental é fazendo exercícios físicos ou atividades que envolvam socialização e, se juntar ambos, muito melhor.