Estilo de vida
02/02/2022 às 02:00•2 min de leitura
Na semana passada, o laboratório farmacêutico Moderna anunciou que os primeiros participantes do ensaio clínico de Fase I para a vacina experimental contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV) já receberam suas doses. A tecnologia usada pela companhia foi a de RNA mensageiro (mRNA), que ensina as células do corpo a sintetizar proteínas que levam a resposta imune.
O teste, chamado de IAVI G002, está sendo feito por meio de uma parceria entre o laboratório estadunidense e a International AIDS Vaccine Initiative (IAVI), entidade sem fins lucrativos com foco em pesquisas científicas.
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(Fonte: Anna Shvets/ Pexels/ Reprodução)
A vacina em questão fornece ao organismo do indivíduo antígenos específicos do HIV, com a finalidade de provocar uma resposta imune. Em um primeiro momento, esses antígenos foram desenvolvidos por cientistas da IAVI e do Scripps Research, instituição de pesquisas médicas, sob a liderança do dr. William Schief.
Os pesquisadores dessa novidade não desenvolveram apenas a vacina primária, como também criaram um reforço para fornecer ao corpo imunógenos do HIV — moléculas responsáveis por provocar a resposta imune — via mRNA.
(Fonte: Gustavo Fring/ Pexels/ Reprodução)
Segundo a Moderna, a expectativa é que esse processo seja capaz de atuar em glóbulos brancos específicos chamados de células B, com capacidade de se transformarem em anticorpos de amplo poder neutralizante que podem inutilizar o vírus.
Segundo o comunicado divulgado pelo laboratório, a Fase I conta com 56 participantes adultos saudáveis e com HIV negativo. Dos voluntários desse grupo, 48 foram selecionados para tomar 1 ou 2 doses da vacina de mRNA, e outros 32 receberão a vacina e o reforço. Os 8 participantes restantes tomarão apenas o reforço.
Mark Feinberg, CEO e presidente da IAVI, disse em um comunicado à imprensa: "Estamos tremendamente empolgados em avançar nessa nova direção no design de vacinas contra o HIV com a plataforma de mRNA da Moderna. A busca por uma vacina contra o HIV tem sido longa e desafiadora, e ter novas ferramentas em termos de imunógenos e plataformas pode ser a chave para um rápido progresso em direção a uma vacina eficaz e urgente contra o HIV".
De acordo com dados da UNAIDS, cerca de 38 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com HIV. Apenas no Brasil, os registros apontam para 920 mil indivíduos com a síndrome. Desse total, 77% realizam tratamentos com antivirais, sendo que, entre os que se tratam, 94% não transmitem mais a doença devido à baixa carga viral.
(Fonte: cottonbro /Pexels/Reprodução)
Entre as décadas de 1980 e 1990, ser diagnosticado com HIV era algo fatal. No auge da epidemia de Aids nos Estados Unidos (EUA), em meados dos anos 1990, eram registradas mais de 50 mil mortes por ano.
Porém, isso ficou para trás graças aos avanços possibilitados por investimentos em pesquisas científicas robustas sobre o vírus. Embora ainda não haja uma cura atualmente, os medicamentos disponíveis são capazes de reduzir a carga viral de um portador de HIV a tal ponto que o vírus não possa mais ser transmitido. Como resultado, essas pessoas conseguem viver e desfrutar da vida tanto quanto uma pessoa sem o vírus.
Nas últimas décadas, foram feitas várias tentativas de vacinas contra HIV, mas os resultados nos ensaios clínicos fracassaram. A esperança é que, com a nova vacina da Moderna, os resultados sejam diferentes.