Artes/cultura
28/03/2022 às 08:04•2 min de leitura
Prevista para ser um evento marcante, especialmente devido aos quase três anos de pandemia, a edição 2022 do Oscar tinha de tudo para regressar com louvor aos holofotes mundiais. Porém, um dramático evento ocorrido durante a premiação, quando Will Smith subiu ao palco do Dolby Theatre Hollywood, em Los Angeles, para estapear Chris Rock,após o comediante soltar uma piada sobre sua esposa, obteve uma ampla repercussão internacional e chamou atenção para outro fato: a condição de alopecia de Jada Pinkett Smith.
A condição de alopecia areata consiste em uma doença autoimune comum que resulta em perda de cabelo. Envolvido em diversos fatores de desenvolvimento e agravado por motivos emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos, o distúrbio gera a queda de mechas em proporções extremas, afetando pessoas de diferentes sexos e idades, mas com uma maior recorrência no público menor de 30 anos.
Especialistas, além de alertarem para uma evolução rápida em indivíduos condicionados, sugerem que a alopecia pode ser causada pelo estresse, resultando em casos mais raros onde a perda de cabelo causa manchas em regiões específicas do couro cabeludo. Porém, apesar de ser considerado um evento brusco, diversos relatos confirmam a recuperação plena da doença em alguns indivíduos, com sintomáticos experimentando um crescimento repentino do cabelo e não sofrendo novas quedas.
(Fonte: Getty Images / Reprodução)
“A [alopecia] areata é aquela condição em que o sistema imunológico de alguma maneira reconhece o folículo piloso e acaba atacando ele, levando à perda de cabelo em regiões específicas ou até mesmo de uma forma mais difusa, tem uma grande correlação com situações em que existam estresse ou condições neuropsiquiátricas”, disse o neurocirurgião Fernando Gomes, em entrevista à CNN.
Diferentemente da alopecia areata universal, onde os indivíduos perdem todo o cabelo do corpo, a total afeta apenas a cabeça. Ambas as modalidades não têm cura efetiva e médicos sugerem soluções alternativas como tratamento, incluindo minoxidil, corticoides e antralina, associados a tratamentos agressivos via sensibilizantes — difenciprona ou metotrexate. Porém, o paciente continuará a experimentar manchas de perda de cabelo.
“Medicamentos orais de alguma forma estimulam o fluxo sanguíneo nessa região e também a recuperação do folículo piloso; remédios tópicos, como substâncias anti-inflamatórias ou que acabam interferindo na conversão do hormônio na cabeça, e psicoterapia, tendo em vista que nem sempre tem esse resultado de maneira rápida e satisfatória”, explica Gomes.
Em depoimento compartilhado durante transmissão do podcast Red Table Talk, Jada Smith revelou detalhes de sua luta contra a alopecia e anunciou ter passado por momentos difíceis, especialmente quanto aos primeiros meses de queda de cabelo. Classificando o evento como "aterrorizante", a atriz comentou ter dificuldades de discutir sobre o tema, sugerindo ter vivenciado um medo sem precedentes nos últimos anos.
(Fonte: Getty Images / Reprodução)
“Mesmo no meu terror e mesmo no meu medo e no momento de simplesmente dizer, 'Oh, meu Deus, por que você está tão aterrorizada em perder o cabelo?' Eu realmente tive que colocar isso em uma perspectiva espiritual de que o poder superior tira muito das pessoas. As pessoas que estão aqui têm câncer, têm filhos doentes. Eu assisto o poder superior tomar as coisas todos os dias”, disse ela. “E, caramba, se o poder superior quer tirar seu cabelo, isso é cabelo? Quando eu olhei para isso dessa perspectiva, realmente me acalmou.”
Jada também reforçou a solidariedade transmitida por seu marido, Will Smith, que abraçou não somente as crises sofridas por ela, mas também a decisão em realizar uma nova aparição pública sem turbante, como ocorreu na noite do último domingo (27). Segundo a intérprete de Niobe, em Matrix, a sensação foi de "liberdade" e alívio, confirmando a superação das preocupações e da não aceitação.