Ciência
13/05/2022 às 04:00•2 min de leitura
Você já deve ter reparado em filmes e séries que o café da manhã dos estadunidenses é bem calórico, rico em açúcares e gorduras. Um dos pratos que se destaca nessa refeição é o bacon, normalmente servido com ovos. Mas desde 2015, incluir esse alimento na primeira refeição do dia se tornou tão perigoso quanto acender um cigarro.
Isso porque a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o bacon tem tanto potencial cancerígeno quanto os cigarros. No entanto, verdade seja dita: esse alimento não estava sozinho na lista da OMS, pois a entidade alertou sobre o perigo de todas as carnes processadas, como salames, salsichas, presuntos etc.
(Fonte: Shutterstock)
De acordo com a OMS, consumir 50 gramas de carnes processadas diariamente aumentaria as chances de ter câncer no intestino em 18% no decorrer dos anos. Uma estimativa do jornal britânico The Guardian sobre o tema revelou que o consumo desses alimentos teria sido responsável por cerca de 34 mil mortes por ano.
Ao processar essas carnes para realçar o sabor, por meio de defumação, salga e cura, por exemplo, as empresas incluem elementos que não estavam presentes no alimento antes, como nitratos e nitritos, além do sal.
O corpo humano até sabe lidar com nitratos e nitritos. O nitrato, por exemplo, ajuda a formar a saliva e o restante é eliminado pela urina. Já o nitrito tem sido associado a doenças causadas por falhas na hemoglobina, proteína responsável pelo transporte de oxigênio no sangue. Acontece que nitritos geram uma outra substância chamada nitrosamina, essa, sim, altamente cancerígena.
Para incluir carnes processadas na sua lista de produtos potencialmente cancerígenos, a OMS revisou nada mais do que 400 estudos, de dez países diferentes, sobre o tema. Isso significa que a entidade estudou diagnósticos e doenças de milhares de pessoas, gerando um banco de dados que corroborou com a hipótese de que essas comidas podem aumentar o risco de câncer no intestino.
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De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), todos os anos, cerca de 40 mil brasileiros descobrem que têm câncer no intestino. Trata-se do terceiro tipo de câncer mais popular no país.
Ainda de acordo com o Inca, 30% dessas pessoas não lidariam com a doença se tivessem tido uma alimentação mais saudável, com menos consumo de alimentos processados. O Inca projeta o valor de R$ 1 bilhão como a quantia necessária para o tratamento de câncer de intestino no ano de 2030 pelo SUS.
A recomendação da OMS fez com que o consumo de bacon despencasse no Reino Unido em 2015. Supermercados relataram queda de 3 milhões de libras nas vendas. No entanto, semanas depois, o consumo voltou a subir.