Por que algumas áreas da saúde não são parte do curso de Medicina?

16/08/2022 às 02:002 min de leitura

Se hoje a área da saúde conta com uma gama de especializações que permitem a atuação nas mais diversas áreas, certamente não faltaram desafios para isso se concretizar. A medicina, por exemplo, é praticada há milênios, mas quando vemos como os cursos da área chegaram ao país, é possível ter uma noção de como esse avanço se deu de forma gradual.

Ao longo da história, as profissões foram passando por mudanças até que pudéssemos chegar ao que temos hoje. Na idade média, por exemplo, a profissão mais comum na área médica era a do barbeiro-cirurgião. Além de cortar os cabelos e fazer a barba, ele atuava em pequenos procedimentos. Hoje essa ideia parece um tanto quanto estranha, não é mesmo?

E não parava por aí, pois o médico também fazia sangrias em seus pacientes. A duvidosa prática terapêutica de aplicar sanguessugas em determinadas áreas do corpo foi adotada por séculos, perdurando até o início do século XX. No Brasil, o cenário não foi tão diferente assim e os barbeiros também trabalhavam como dentistas. 

Já imaginou ir ao barbeiro para arrancar um dente? (Fonte: Unsplash)Já imaginou ir ao barbeiro para arrancar um dente? (Fonte: Unsplash)

O avanço das profissões

Apenas com o avanço das universidades que isso foi mudando. No Brasil, foi a chegada da família real portuguesa ao país que contribuiu de forma decisiva para o surgimento dos cursos. Afinal, a mudança de endereço culminou com a vinda de aproximadamente 15 mil portugueses para terras brasileiras em 1808.

A primeira faculdade de Medicina surgiu no país neste mesmo ano. Por meio de uma Carta Régia, o então príncipe regente Dom João autorizou a abertura da chamada Escola Cirúrgica, na Bahia, e alguns meses depois, da Escola de Anatomia, Medicina e Cirurgia, no Rio de Janeiro. 

Ainda assim, o acesso ao ensino superior no Brasil era bastante restrito e os barbeiros não tinham condições de ingressar no curso. Outro ponto é que naquele momento ainda não existiam faculdades de odontologia sendo ofertadas, dificultando ainda mais o exercício da profissão por pessoas com instrução adequada.

A distinção entre as profissões de médico e barbeiro ganhou força ao longo do século XIX. (Fonte: Unsplash)A distinção entre as profissões de médico e barbeiro ganhou força ao longo do século XIX. (Fonte: Unsplash)

Um período de mudanças

Um outro fato importante ocorreu em 1826: Dom Pedro I permitiu que os formados no curso da Academia Médico-Cirúrgica no Rio de Janeiro tivessem o diploma emitido após sua conclusão. O curso, de forma geral, seguiu sendo ofertado isoladamente até o surgimento das universidades pelo país.

Em 1856, um decreto imperial permitiu que aqueles que desejassem atuar como dentistas fossem avaliados para ter o direito de exercer a profissão. O documento oficial chegava até mesmo a determinar quais conteúdos seriam cobrados na prova. O primeiro curso de odontologia, por sua vez, só surgiu em 1884 no Brasil.

A conclusão dessa história é que aquela antiga fala, "o verdadeiro doutor deve ser um perito na cura de todas as moléstias", atribuída a Scribonius Largus, um médico da Roma Antiga, demorou bastante para perder efeito. Com o avanço da medicina e do acesso à educação, as especializações foram se segmentando, impossibilitando que hoje um profissional seja o responsável por avaliar e cuidar da saúde completa dos pacientes sozinho.

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