Artes/cultura
26/08/2022 às 13:00•2 min de leitura
Pouquíssimas pessoas negariam que ter amizades é um fator fundamental para uma boa vida. Os amigos nos fazem sentir ligados a um grupo, ajudam a fortalecer nossa autoestima e até colaboram para que tenhamos uma vida mais longa e saudável.
O fato é que as amizades realmente boas podem nos fornecer coisas que os outros tipos de relacionamento (como o conjugal, o filial, o paternal etc.) não conseguem. Elas nos trazem um espaço da aceitação e da liberdade das cobranças que geralmente surgem nas famílias. A psicanalista paranaense Ana Suy já escreveu: a amizade é como a gente chama o amor que deu certo.
(Fonte: Gettyimages)
Mas nem sempre conseguimos manter nossas amizades a longo prazo, o que pode ser bastante frustrante. Na verdade, já há pesquisas mostrando que as amizades têm diminuído nas últimas décadas. Uma pesquisa de 2021 da American Perspectives Survey revelou que 12% dos americanos dizem não ter amizades íntimas - em 1990, o número era 3%. Quase metade dos americanos dizem ter até três amigos íntimos, e que gostariam de ter mais. Já quem tem mais que três amigos costuma relatar graus maiores de satisfação nestes relacionamentos.
Há várias razões que podem explicar porque temos cada vez menos amigos. Pode-se falar do excesso de trabalho, ou da virtualização das relações - muitas vezes, nossas amizades mantidas pela internet nunca se estendem para o meio físico. Outro fator importante é a mudança no sistema das famílias: com grupos familiares menores e mais isolados, nem sempre os sujeitos que têm filhos conseguem cultivar o tempo com os amigos.
E por fim, temos um elemento recente que também impactou profundamente nossas relações. A pandemia de covid-19 fez com que nos tornássemos mais antissociais: passamos a comprar online, a trabalhar em casa, a pedir comida ao invés de ir aos restaurantes. Quase 50% dos americanos relataram que perderam o contato com amigos durante a pandemia.
(Fonte: Shutterstock)
Se este é o seu caso, saiba que vale a pena dedicar tempo e esforço para fazer a manutenção dessas relações. Pesquisas científicas mostram que as pessoas que possuem boas amizades, além de serem mais felizes, são também mais saudáveis.
Indivíduos que possuem uma rede ampla da amizade tendem a ter menos estresse, a ter um sistema imunológico mais eficiente e a levar uma vida mais longeva. Ainda enfrentam menos depressão e apresentam mais facilidade para superar doenças.
Segundo a professora de psicologia Julianne Holt-Lunstad, da Universidade Brigham Young, já há pesquisam que associam a falta de uma rede de amizades ao aumento da mortalidade - por vezes, sendo um fator mais nocivo que a obesidade ou a vida sedentária.
Um estudo feito com idosos publicado no periódico Journals of Gerontology sugeriu que é preferível ter muitas amizades do que poucas. Os idosos que interagiam com mais conhecidos, amigos e familiares demonstravam ter melhores índices de saúde e bem-estar emocional que os que tinham poucos laços.
A explicação para isso seria relativamente simples: quem tem mais amizade, precisa circular mais para poder interagir. "É difícil convencer as pessoas a irem à academia ou a se dedicarem a treinar regularmente. Mas elas podem estar dispostas a entrar em contato com amigos, a participar de um evento organizado em grupo ou a conversar com o barista que as atende em seu clube favorito", explica Karen Fingerman, uma das autoras do estudo.