Aumento da taxa de suicídio e Festas de fim de ano NÃO têm relação direta

21/12/2022 às 10:002 min de leitura

Uma nova pesquisa publicada pelo Annenberg Public Policy Center (AAPC) indica que veículos de imprensa e agências jornalísticas seguem compartilhando informações que relacionam o aumento da taxa de suicídio com as Festas de fim de ano. De acordo com o projeto, foi averiguado que mais da metade das notícias que envolvem ambos os temas apoiam o falso mito, gerando possíveis impactos em pessoas que já pensam em tirar suas vidas no período.

O projeto indicou que, durante a temporada de férias de 2021/22, 56% das matérias que traziam informações sobre suicídio e festas de final de ano davam suporte à conexão, enquanto apenas 44% desmentiam os dados. Vale reforçar que, nos EUA, embora a taxa de suicídio tenha aumentado em 2021 após dois anos de declínio, segundo dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a taxa média diária durante os meses de férias — incluindo dezembro e janeiro — permaneceu entre os índices mais baixos do ano.

“Nossa experiência em rastrear notícias sobre suicídio durante as férias mostra como é difícil acabar com esse mito”, diz Dan Romer, diretor de pesquisa do Annenberg Public Policy Center. “Nos 23 anos de nosso estudo, apenas nove anos tiveram taxas mais altas de desmascaramento do mito e apenas três deles ocorreram nos últimos dez anos.”

De acordo com o CDC, em uma pesquisa compartilhada em setembro de 2022, o número de suicídios em 2021 foi 4% maior do que em 2020. Esses números foram impulsionados pela pandemia da covid-19, que exacerbou os níveis de ansiedade e depressão entre os jovens e trouxe impactos graves em épocas de alto pico emocional. Apesar disso, os níveis em dezembro e janeiro estiveram entre os mais baixos dos 12 meses, com agosto dominando os casos no ano em questão.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)(Fonte: Getty Images / Reprodução)

“Para algumas pessoas, esta pode ser uma época do ano emocionalmente carregada”, diz Romer. “Com histórias focadas na tristeza das férias, transtorno afetivo sazonal e outras mudanças nas estações, há muitos fatores que parecem apoiar o mito. Há também a preocupação com aqueles que perderam amigos e familiares durante o ano e que podem estar tristes com essas perdas. Mas não devemos presumir que essas experiências levam as pessoas ao suicídio.”

De 29 de dezembro de 2021 a 10 de janeiro de 2022, por exemplo, 47,5% dos jovens de 18 a 29 anos nos EUA apresentaram quadros sintomáticos de transtorno de ansiedade ou transtorno depressivo, segundo o US Census Bureau e o National Centro de Estatísticas de Saúde. 

A importância de combater notícias falsas sobre o suicídio

Entre novembro e dezembro de 2021, tabloides como o Highland News Leader e o Spencer Evening World afirmaram, sem apresentar dados concretos, que as taxas de depressão e suicídio aumentam no final do ano. Negligenciando os sinais de alerta e a importância de cuidar da parte mais fragilizada da sociedade, esses meios de imprensa permitiram que pessoas que já pensam no suicídio pudessem encarar a temporada como "válida".

As recomendações atuais conscientizam os propagadores de notícias a evitarem informações que reforcem temas delicados quando não há comprovação via base factual. É indicado que, antes de trazer qualquer mensagem com potencial para gerar impacto social, especialmente quando a fonte é um portal renomado, haja pesquisas em centros confiáveis, a fim de ajudar as pessoas necessitadas e de gerar uma sensibilização coletiva.

Isso também é válido em caso de compartilhamento de notícias falsas por parte de internautas. Sempre investigue as fontes e suas procedências antes de se comprometer com algo que possa beneficiar ou prejudicar a vida de alguém, direta ou indiretamente.

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