Artes/cultura
01/02/2023 às 11:00•2 min de leitura
Um estudo publicado na revista Nature no mês de janeiro pode ajudar a entender melhor o processo de desenvolvimento de diferentes transtornos mentais nas pessoas, abrindo caminho para a condução de novas pesquisas e possíveis novas formas de tratamento.
Para chegar a um resultado, os pesquisadores consideraram uma série de dados e estudos relacionados sobre a temática, sugerindo uma abordagem diferente, além da análise de grupos de neuroimagens de lesões cerebrais associadas a doenças psiquiátricas em comparação com imagens da massa cinzenta em cérebros de pessoas sem transtornos, que não apresentavam atrofia.
Isso porque a substância cinzenta que temos no cérebro fica localizada na região periférica e na central do órgão, nos chamados núcleos. Nesse sentido, há uma série de estudos que apontam como condições que afetam a saúde mental, a exemplo da depressão, podem afetar a sua forma e volume, motivando que também fossem incluídos no estudo.
Estudo sugere que seis transtornos mentais, apesar de apresentarem sintomas distintos, podem ter um mesmo ponto de origem em comum. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Graças a esse esforço, foi possível considerar dados de mais de 15 mil indivíduos analisados em 193 estudos, e levando os estudiosos à conclusão que há uma rede cerebral ligada a seis tipos de transtornos diferentes.
São eles: depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), vício, esquizofrenia e transtorno bipolar. A descoberta surpreende porque não considera os transtornos de uma forma isolada ao mesmo tempo em que abre a possibilidade que outras condições possam estar ligadas a um único circuito, auxiliando na condução de futuros estudos nesse sentido.
A existência dessa rede cerebral, por sua vez, ainda que não esteja amplamente compreendida, vai de encontro à teoria que uma única região pode afetar a saúde mental sozinha, e também ajuda a explicar porque muitas pessoas podiam apresentar mais de uma condição ao mesmo tempo.
Nova abordagem pode auxiliar em futuros estudos sobre o desenvolvimento de transtornos mentais nas pessoas. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Uma vez que a descoberta sugere que esse grupo de transtorno pode ter uma única origem, na prática, o fato de um indivíduo apresentar um dos seis transtornos também já representaria uma maior possibilidade de desenvolver outro – o que já era considerado entre especialistas –, reforçando a importância do tratamento contínuo para o paciente.
Para este grupo com mais de um diagnóstico, em específico, também há uma cruel realidade: é comum que ele apresente uma evolução mais lenta em meio ao tratamento, e esse é um dos motivos que torna avanços na compreensão de como essas condições se originam muito importantes para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.
Entender melhor como esse circuito funciona, portanto, pode ser uma tarefa desafiadora, uma vez que traça uma nova forma de abordagem para estudos, mas que poderá auxiliar na busca por respostas.