Artes/cultura
19/04/2023 às 13:00•2 min de leitura
Um realizado pela Fundação Michael J. Fox, que será publicado pela revista Lancet, promete trazer grandes avanços no diagnóstico e tratamento da doença de Parkinson. Isso porque um biomarcador, que indica que a pessoa pode desenvolver a doença antes que ela se manifeste, foi descoberto pelos cientistas da Fundação.
A estrela da série De Volta para o Futuro descobriu que tem essa doença em 1998 e criou a Fundação em 2000. Desde então, Michael J. Fox patrocinou diversos estudos científicos que trouxeram avanços para a área.
Agora, definir a doença de Parkinson geneticamente será importante para desenvolver novos métodos de diagnóstico, assim como tratamentos mais assertivos — que "mirem" diretamente na substância identificada, podendo curar os pacientes de forma eficaz. Quem sabe, pode até ser possível prevenir a doença antes que qualquer sintoma apareça. O uso de biomarcadores com esse fim já existe em vários tipos de câncer, por exemplo.
Até hoje, a ciência não conhece as causas exatas da doença de Parkinson, uma condição que é neurodegenerativa e causa rigidez muscular, lentidão de movimentos, além dos conhecidos tremores. Os tratamentos focam em diminuir o incômodo causado pelos sintomas — mas não há uma cura definitiva.
A doença de Parkinson causa rigidez muscular, lentidão de movimentos, além dos conhecidos tremores. (Fonte: Getty Images)
O biomarcador identificado pelos pesquisadores da Fundação Michael J. Fox chama-se alfa-sinucleína. Essa proteína é encontrada nos neurônios e começa a apresentar mal-formação em pessoas com Parkinson. Com o tempo, aglomerados de proteínas defeituosas se juntam no cérebro — uma formação chamada de "corpos de Lewy".
A ciência ainda não pode afirmar que os corpos de Lewy são a causa do Parkinson, mas sabe que eles são um dos primeiros vestígios da doença no cérebro humano.
O ensaio de ampliação de amostras da alfa-sinucleína (identificado pela sigla aSyn-SAA, em inglês) foi aplicado em 1.100 pacientes de um programa da Fundação, incluindo pessoas com outros fatores de risco, pessoas com marcadores genéticos do Parkinson e outros grupos.
Nas pessoas com Doença de Parkinson típica, o ensaio teve 90% de certeza na identificação do biomarcador. Em pessoas com perda de olfato e mutações genéticas desconhecidas, os testes foram ainda mais eficazes. Mesmo em pessoas que não foram diagnosticadas com a Doença, mas apresentam sinais (como perda de olfato e problemas no sono REM), o ensaio teve 90% de eficácia.
Mais do que isso, ele identificou alterações na alfa-sinucleína antes mesmo dos exames de imagem que indicam a perda de dopamina — um dos métodos para detectar a doença em estágios iniciais. Contudo, ainda é cedo para dizer se o ensaio será capaz de identificar as chances de desenvolver Parkinson antes de qualquer sintoma, já que os estudos indicaram uma eficiência muito menor em alguns grupos.
A partir disso, a Fundação Michael J. Fox vai expandir o estudo para 2 mil pessoas sem diagnóstico de Parkinson para validar os resultados. De qualquer maneira, trata-se de um grande avanço no estudo dessa doença, com inúmeras possibilidades.