Paciente com câncer há 13 anos é curado com terapia celular no SUS

31/05/2023 às 10:002 min de leitura

Um paciente chamado Paulo Peregrino, de 61 anos, que se encontrava em tratamento de câncer há 13 anos, deixou no último domingo (28) o Hospital das Clínicas da cidade de São Paulo. Com remissão completa da doença, ele é um caso de sucesso de um tratamento que está sendo testado na rede pública por um consórcio que inclui a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto.

Ainda adotada em um número reduzido de países, a chamada terapia celular CAR-T Cell é considerada revolucionária no tratamento de linfomas e leucemias, como último recurso. No caso de Paulo, ele estava prestes a receber cuidados paliativos, quando se submeteu ao tratamento em abril e, em apenas um mês, teve remissão total do seu linfoma.

Em entrevista à Agência Brasil, o professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da USP, Vanderson Rocha, comemora: "Nesse caso, o que impressiona é a resposta imediata de um paciente que tinha muitos tumores. Então, as imagens [pet scan do corpo do paciente] mostram: tudo que é preto [os tumores] desaparecem completamente em um mês". 

O que é a terapia Car-T Cell que curou o paciente de câncer?

O tratamento CAR-T utiliza células do sistema imunológico do próprio paciente.O tratamento CAR-T utiliza células do sistema imunológico do próprio paciente.

A terapia celular CAR-T, acrônimo em inglês para "Célula T Receptora de Antígeno Quimérico", já foi utilizada no tratamento de 14 pacientes, com verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os pacientes se recuperaram no SUS, e tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores. 

A terapia começa como uma espécie de doação de sangue chamada aférese, na qual são coletadas as células T do próprio sistema imunológico do paciente. Elas são então geneticamente modificadas em laboratório para expressar um receptor de antígeno quimérico (CAR) projetado para reconhecer uma proteína característica das células cancerígenas.

Essas células T modificadas se ligam então seletivamente às células cancerígenas que expressam o antígeno, e passam a atacá-las. Modificadas, as células T CAR-T são cultivadas e multiplicadas em laboratório. São depois reintroduzidas via infusão intravenosa no paciente, onde dão início a uma resposta imunológica poderosa e especificamente direcionada.

A saga de Paulo

O paciente Paulo Peregrino deixando o hospital.O paciente Paulo Peregrino deixando o hospital.

Paulo começou a tratar de um câncer de próstata em 2010 até 2014, explica o dr. Rocha. Em 2018, descobriu o linfoma não-Hodgkin e passou por seis ciclos de quimioterapia, mas a doença retornou, e ele fez transplante de medula autólogo. Mas, mesmo depois do transplante, a doença voltou e já não havia mais nenhum recurso terapêutico.  

Fora do hospital após a infusão da célula T, o paciente agora se recupera em casa. "Tivemos experiência com outros casos, mas este realmente impressionou a todos", emociona-se o médico. 

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: