Ciência
12/08/2023 às 12:00•2 min de leitura
Em situações de ansiedade ou estresse, muitas pessoas costumam relatar um mesmo sintoma: uma vontade quase incontrolável de ir ao banheiro eliminar as fezes.
Mas será que esse "cocô do estresse" é real? Qual é a ligação entre o cérebro e o trato digestivo?
(Fonte: Getty Images)
Sim, ele existe, e não é fruto de um efeito psicológico em massa. Ainda que não exista um diagnóstico oficial, os médicos concordam que este é um sintoma real. "Existe uma forte conexão mente-intestino, e é por isso que como você se sente emocionalmente pode afetar seu intestino", afirma a nutricionista Amanda Sauceda, em entrevista à Reader's Digest.
Às vezes, o sintoma se manifesta apenas como uma vontade (como quando sentimos as tais "borboletas no estômago", ou sensação de gases), mas é comum que o estresse realmente cause a eliminação das fezes. Às vezes, os efeitos podem ser outros, como diarreia, náusea e constipação.
Isso ocorre por questões fisiológicas, relacionadas à conexão entre o cérebro e o intestino, que ainda não é bem entendida pelos pesquisadores. Entretanto, um estudo feito em 2020 com 100 corredores profissionais constatou que, no dia em que tinham uma corrida importante, eles apresentavam mais sintomas de desconforto intestinal, incluindo náuseas e refluxo. Por isso, é plausível pensar que as emoções afetam o aparelho digestivo.
A Associação de Ansiedade e Depressão da América (ADAA) pontua que o corpo libera hormônios e outras substâncias químicas em situações que estamos sob forte emoção. Esses elementos afetam o trato digestivo e podem perturbar a microbiota intestinal, causando efeitos diversos.
(Fonte: Getty Images)
Os médicos sugerem que esse sintoma não é exatamente um problema, mas que ele deve ser encarado como um possível indicativo para outras questões. "Seu intestino também pode ser um guia. Não falamos o suficiente sobre como seu instinto pode nos dar uma pista de como estamos nos sentindo. Às vezes, podemos estar estressados e nem perceber, mas nosso corpo percebe e o estresse se manifesta como 'cocô de estresse'", explica a nutricionista Amanda Sauceda.
Caso a situação esteja o incomodando, é possível tomar algumas atitudes proativas para tentar minimizar o sintoma. O exercício físico frequente costuma ajudar, assim como a prática de atividades relaxantes (como ioga) e o apoio psicológico de um profissional.
Em casos mais raros, o "cocô do estresse" pode ser sim um sintoma de algo mais sério, como um indicativo da presença da síndrome do intestino irritável ou alguma condição mais séria, como a doença de Crohn. Por isso, é preciso se atentar à frequência com que isso tende a acontecer.
O médico gastroenterologista David Leventhal sugere que pessoas que sofrem de dores abdominais pelo menos uma vez por semana durante vários meses, passem mais de três dias sem evacuar ou tiverem mais de três evacuações por dia, devem marcar uma consulta para verificar o que pode estar acontecendo.
Se o cocô tiver sangue, causar muita dor ou apresentar uma cor muito escura ou muito pálida, também é recomendado fazer uma visita ao médico.